Haddad acredita em acomodação do dólar e diz que corte de gastos "não se encerra"
Ministro da Fazenda também afirmou que ações do governo podem voltar a sofrer "ataque especulativo"
Raphael Felice
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse quarta-feira (18) que o governo pode adotar novas medidas de corte de gastos no futuro. Em entrevista na porta no ministério, ele afirmou ainda que acredita numa acomodação do dólar, que voltou a bater R$ 6,20.
As declarações foram feitas na portaria do Ministério da Fazenda. Haddad ainda teve um almoço com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para tratar da tramitação do pacote de corte de gastos na Casa Alta.
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"Eu nunca disse que [cortes de gastos] é um trabalho que se encerra. Não se encerra. Nós vamos acompanhá-lo. Vamos fazer uma avaliação do que foi aprovado. Nós temos também a questão da desoneração da folha, que tem uma pendência no Supremo Tribunal Federal que nós vamos resolver", afirmou Fernando Haddad, a jornalistas.
O ministro da Fazenda também comentou sobre a alta do dólar e dos juros, que vem pressionando a economia brasileira. Assim como o presidente Lula e outros integrantes do governo, Haddad disse que o Brasil pode estar passando por um "ataque especulativo" por parte do setor financeiro.
O governo defende que os indicadores financeiros positivos - a alta do PIB, das reservas internacionais, da renda média da população, o desemprego em baixa, além do crescimento de investimentos privados na economia - não justificam o dólar acima de R$ 6 e os juros assinalados, até o momento, em 12,25% ao ano.
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"Há contatos conosco falando em especulação, inclusive jornalistas respeitáveis falando disso. Eu prefiro trabalhar com os fundamentos, mostrando a consistência do que nós estamos fazendo em proveito do arcabouço fiscal para estabilizar isso. Mas pode estar havendo", disse Haddad sobre ataque especulativo.
"Não estou querendo fazer juízo sobre isso porque a Fazenda trabalha com os fundamentos. E esses movimentos mais especulativos, eles são coibidos com a intervenção do tesouro e Banco Central", concluiu Haddad.
Após meses sem agir, o Banco Central realizou leilões de dólar (venda da moeda com compromisso de recompra, semelhante a um empréstimo) nos últimos dias para intervir no câmbio. Mesmo assim, a moeda americana está cotada em R$ 6,18.