Mesmo com juros altos, financiamento de veículos bate recorde no Brasil
Mais de 5,3 milhões de veículos foram financiados entre janeiro e setembro; maioria das compras foi de carros usados
Simone Queiroz
Leonardo Ferreira
Mesmo com a taxa básica de juros nas alturas, o número de veículos financiados no Brasil atingiu um recorde no último ano. E quem pensa que a busca por crédito se concentra na compra de carros zero quilômetro se engana: o aumento vem principalmente entre os seminovos.
O preço de um veículo novo cai, em média, 15% já no primeiro ano. Esse é um argumento forte para quem quer equilibrar custo e benefício.
Entre janeiro e setembro, mais de 5,3 milhões de veículos foram financiados no país. Desse total, 3,39 milhões eram seminovos.
O superintendente de produtos da B3, Daniel Takatohi, explica que o mercado vive um bom momento. “A gente tem percebido que o mercado tá bem aquecido. A gente teve, agora em setembro, o maior recorde do volume de carros financiados dos últimos 14 anos, trazendo bastante otimismo pro setor automotivo”.
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O dado chama atenção, já que a taxa de juros segue alta. A Selic está em 15% ao ano, mas, na prática, o consumidor costuma avaliar se a parcela cabe no bolso, e não quanto os juros vão aumentar o valor final do bem. Além disso, a concorrência entre instituições financeiras tem gerado vantagens para quem busca financiamento.
Em geral, as taxas começam em 1,16% ao mês, mas variam conforme o histórico do comprador — se é bom pagador, se tem conta no banco ou se o limite do cartão de crédito está comprometido. Esses fatores podem alterar significativamente o valor de cada parcela. O tipo de veículo negociado também influencia na taxa aplicada.
O dono de loja Claudinei dos Santos explica: “quanto mais novo o carro, menor a taxa, e quanto mais velhinho o carro, a taxa fica maior. O banco quer um carro mais novo pro cliente. O carro mais antigo pode quebrar, e aí ele vai arrumar o carro primeiro e só depois pagar a parcela”.
Os números também mostram que o Norte e o Nordeste registraram o maior crescimento nas vendas, mas o principal destaque nessas regiões está sobre duas rodas: nunca se venderam tantas motos por lá.