Lula e Alckmin assinam portarias para regulamentar programa Mover
Programa Nacional de Mobilidade Verde prevê investimentos para aumentar eficiência energética e estimular produção de veículos com menor emissão de carbono

Raphael Felice
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente e ministro da Indústria (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), assinaram, nesta terça-feira (26), portarias para colocar em prática o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover). O projeto tem foco na descarbonização de veículos rodoviários. As assinaturas também regulamentam a emissão de debêntures de infraestrutura.
O Mover prevê uma série de medidas para incentivar investimentos sustentáveis no mercado rodoviário nacional, como créditos financeiros para quem investir em pesquisas, desenvolvimento e produção tecnológica que contribuam para a descarbonização da frota de carros, ônibus e caminhões. Também prevê parâmetros para que as empresas possam participar do programa.
O incentivo fiscal para que as empresas invistam em descarbonização e se enquadrem nos requisitos obrigatórios do programa será de no mínimo R$ 3,5 bilhões em 2024, R$ 3,8 bilhões em 2025, R$ 3,9 bilhões em 2026, R$ 4 bilhões em 2027 e R$ 4,1 bilhões em 2028, valores que deverão ser convertidos em créditos financeiros.
O programa alcançará, no final, mais de R$ 19 bilhões em créditos concedidos. No extinto Rota 2030, o incentivo médio anual, até 2022, foi de R$ 1,7 bilhão.
Segundo Alckmin, os atos assinados nesta terça (26) são o primeiro passo do MDIC para regulamentar o programa. O Mover está em vigor por uma medida provisória (MP), com vigência paralela a um projeto de lei (PL) com regime de urgência que deve aprovar o programa definitivamente. O vice-presidente ainda frisou que os impactos positivos do programa já estão chegando ao país.
Entre os decretos e portarias a serem publicados nas próximas semanas, está o que define as alíquotas do IPI Verde (tributação de acordo com os níveis de sustentabilidade dos veículos) e o que estabelece parâmetros obrigatórios para comercialização de carros novos produzidos no país ou importados, relativamente à eficiência energética, à rotulagem veicular, à reciclabilidade e à segurança (desempenho estrutural e tecnologias assistivas à direção).
"Ele vai contribuir não apenas para a descarbonização, mas também para o aumento da competitividade e da atividade econômica, gerando emprego e renda. Não estamos falando de perspectiva de longo prazo, mas de algo concreto, que já está acontecendo. Basta lembrar os investimentos anunciados pelas montadoras no Brasil desde o lançamento do programa, de mais de R$ 107 bilhões", explicou Alckmin.
O Mover prevê um total de R$ 19,3 bilhões de créditos financeiros entre 2024 e 2028, que podem ser usados pelas empresas para abatimento de impostos federais em contrapartida a investimentos realizados em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D( e em novos projetos de produção.
Também prevê a criação do Fundo Nacional para Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT), cujos recursos devem ser aplicados em programas prioritários para o setor de autopeças e demais elos da cadeia automotiva.
Debêntures
Na mesma cerimônia, também foi assinado um decreto que regulamenta a emissão de debêntures de infraestrutura e das debêntures incentivadas, instituídas por uma lei de 2022 e outra aprovada em 2024. O mecanismo tem como objetivo incentivar a execução de projetos essenciais para o país, sempre pautados em compromissos ambientais e sociais.
O decreto estabelece critérios para o enquadramento e acompanhamento dos projetos de investimento considerados prioritários na área de infraestrutura ou de produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Dessa forma, são definidas as iniciativas que poderão ter financiamento impulsionado pelas novas debêntures, que contarão com incentivo fiscal.
As debêntures de infraestrutura chegam ao mercado de forma complementar às já conhecidas "debêntures incentivadas", que também são regulamentadas pelo novo decreto.
O texto mantém o compromisso do governo federal com o equilíbrio fiscal, de modo que as mudanças promovidas pelo novo decreto, além de conferirem um caráter ambientalmente sustentável para a proposta, focalizam melhor a política pública e preservam a sustentabilidade fiscal do Estado.








