Polícia

Justiça proíbe auditor da CGU de se aproximar de criança agredida no DF

Servidor foi flagrado agredindo ex-namorada e filho dela; medidas incluem afastamento do menino, sob pena de prisão preventiva em caso de descumprimento

Imagem da noticia Justiça proíbe auditor da CGU de se aproximar de criança agredida no DF
David Cosac, auditor da CGU | Reprodução/Redes sociais
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A Justiça do Distrito Federal estabeleceu medida protetiva contra David Cosac Júnior, auditor da Controladoria-Geral da União (CGU) acusado de agredir ex-namorada e filho dela de 4 anos após discussão em 7 de dezembro.

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As medidas, fundamentadas na Lei Maria da Penha, determinam que o agressor deve manter uma distância de 300 metros e interrompa qualquer tipo de contato com a vítima. Além disso, o culpado está proibido de frequentar a residência da família, sob pena de prisão preventiva em caso de descumprimento das normas estabelecidas.

Apesar de a lei abranger mulheres que sofreram violência, a vítima declarou que não havia necessidade de proteção para si mesma, já que David teria dito que não a procuraria novamente, mesmo os dois trabalhando no mesmo órgão.

Câmera de segurança flagrou auditor da CGU agredindo mulher e criança em Águas Claras, no Distrito Federal | Reprodução
Câmera de segurança flagrou auditor da CGU agredindo mulher e criança em Águas Claras, no Distrito Federal | Reprodução

No entanto, ela solicitou e o juiz concedeu medidas específicas para proteger o filho menor, para que o agressor não tenha acesso a ele nem frequente sua residência ou escola.

Lula pede expulsão de auditor da CGU

Em reação ao caso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nessa quinta (25) que determinou à Controladoria-Geral da União (CGU) "imediata abertura de processo interno para responsabilização e expulsão" do auditor.

"A agressão covarde de um servidor da Controladoria-Geral da União contra uma mulher e uma criança, divulgada em vídeo pela Imprensa, é inadmissível e precisa de uma resposta firme do Poder Público, considerando tratar-se um servidor federal", acrescentou Lula.

A CGU também já adotou medidas contra David. São elas:

  • Encaminhamento das notícias do fato à Corregedoria-Geral da União (CRG) e à Comissão de Ética da CGU, com a imediata abertura de investigação preliminar de responsabilidade, para apuração das responsabilidades ética e disciplinar, no âmbito das competências administrativas;
  • Revogação imediata da designação do servidor como substituto eventual da chefia imediata, com publicação da determinação em edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU) ainda nessa terça (23);
  • Proibição de ingresso do servidor nos prédios da Controladoria-Geral da União, enquanto as apurações estiverem em andamento, como medida administrativa necessária à preservação do ambiente institucional e ao regular andamento das apurações.

Entenda o caso

Nas imagens registradas por uma câmera de segurança, é possível ver o momento em que a mulher aparece segurando o filho, quando David começa a dar tapas na criança. O menino e a mãe caem no chão, mas as agressões não param. Em seguida, o servidor continuou atacando as vítimas e chegou a puxar a criança pelo braço.

Uma denúncia anônima encaminhada à Divisão de Controle de Operações Especiais (DICOE) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) levou policiais a um edifício residencial em Águas Claras, no Distrito Federal, após a suspeita de agressões contra uma mulher e seu filho. A comunicação incluía um vídeo que registraria o momento das agressões.

Os policiais foram até o local e, durante a abordagem, o agressor disse que havia terminado recentemente o relacionamento com a vítima. Os dois teriam se desentendido no momento, o que resultou em agressões físicas.

A delegada Elizabeth Frade, da 21ª Delegacia de Polícia, disse que as agressões teriam ocorrido porque o auditor queria que a criança saísse do colo da mãe para ajudá-lo a segurar as compras, mas a criança se recusou. No mesmo dia, a vítima relatou que estavam retornando de uma viagem e, na ocasião, ele também teria agredido a criança com uma chinelada.

A equipe policial orientou a vítima sobre a necessidade de apresentar o filho à 21ª DP, para que posteriormente fosse encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), para realizar exames periciais.

A mãe e a criança foram encaminhados ao IML, e ambas apresentaram lesões. Até o momento, o homem não foi preso. Agora, o caso segue sendo investigado pela Seção de Atendimento à Mulher da 21ª Delegacia de Polícia, que dará continuidade às investigações.

Quem é o agressor

David Cosac Junior é mestre em Ciências de Dados, servidor público, Master Coach e educador financeiro, segundo publicação da Igreja Foi por Você. Desde 2016, ocupa cargo de auditor federal de Finanças e Controle da CGU. Ele também atua como palestrante.

Leia nota da CGU:

"Recebi, com indignação, as informações e imagens veiculadas na imprensa que mostram agressões praticadas por um servidor da Controladoria-Geral da União contra uma mulher e uma criança. Os fatos são gravíssimos e inaceitáveis.

Quero ser claro ao dizer que violência contra a mulher e contra crianças é crime. Não se trata de desentendimento, conflito privado ou questão pessoal. Estamos falando de agressão, de violação à lei e de afronta à dignidade humana.

O enfrentamento à violência contra a mulher é uma prioridade do Governo do Brasil e um dever das instituições públicas. A Controladoria-Geral da União reafirma, de forma inequívoca, o compromisso com os direitos humanos, com a ética e com a integridade do serviço público, e não vai se omitir diante de episódios como esse.

No campo criminal, os fatos devem ser apurados pelas autoridades competentes, nos termos da legislação penal.

No âmbito administrativo, a CGU já adotou providências imediatas. Os fatos divulgados indicam violação grave aos deveres funcionais previstos na Lei nº 8.112/1990, especialmente ao artigo 116, inciso IX, que impõe ao servidor público o dever de manter conduta compatível com a moralidade administrativa.

A CGU vai acompanhar o caso e adotar todas as providências cabíveis dentro das próprias atribuições, com rigor, responsabilidade e respeito ao devido processo legal."

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