Economia

Liquidação do Banco Master gera dúvidas entre correntistas e investidores

Operação da PF e intervenção do BC trazem preocupações sobre acesso a recursos e risco financeiro; especialista explica pontos de alerta e o que fazer

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Foto: Divulgação
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A liquidação extrajudicial do Banco Master, determinada pelo Banco Central nesta terça-feira (18), gerou dúvidas para investidores e correntistas quanto à disponibilidade do dinheiro aplicado na instituição.

🔍 A liquidação extrajudicial ocorre quando o Banco Central encerra as atividades de um banco que não tem mais condições de operar.

Para entende o impacto para investidores e correntistas, o SBT News ouviu Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Veja três pontos levantados por ele:

  • Risco de perdas acima do teto do FGC: quem possui até R$ 250 mil por CPF/CNPJ no Banco Master pode contar com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos. Acima desse valor, o investidor depende da recuperação da massa falida;
  • Interrupção de operações em andamento: negociações de ativos, vendas de carteiras e propostas de aquisição ficam suspensas, deixando investidores sem clareza sobre o destino dos recursos;
  • Exposição sistêmica do próprio FGC: o volume de CDBs emitidos pelo Master era elevado, e a possibilidade de vários sinistros simultâneos levantou dúvidas sobre a velocidade do ressarcimento.

O que correntistas e investidores podem fazer?

Diante desse cenário, correntistas e investidores devem adotar algumas medidas práticas. Primeiro, identificar exatamente quanto possuem no banco e separar o que está ou não coberto pelo FGC.

📋 O FGC é uma associação privada, sem fins lucrativos, que integra o Sistema Financeiro Nacional e atua na manutenção da estabilidade, na prevenção de crises bancárias e na proteção de depositantes e investidores. Na prática, funciona como um seguro: é o fundo que garante a devolução dos recursos aplicados caso a instituição entre em crise. Os recursos do FGC vêm de contribuições mensais feitas pelos bancos associados.

Quem possui valores acima do limite garantido precisa se habilitar como credor da liquidação. Para isso, é necessário acompanhar as publicações no site da empresa liquidante, que divulgará orientações e a lista de documentos exigidos.

Isso vale tanto no caso de depósitos quanto para investimentos protegidos, como é o caso dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), Recibos de Depósitos Bancários (RDBs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI) ou do Agronegócio (LCA), segundo Hugo Garbe.

O Banco Central recomenda que o credor busque orientação jurídica para entender prazos, providenciar a documentação e garantir que seus direitos sejam respeitados ao longo do processo.

Depois, é essencial acompanhar os comunicados oficiais do BC, do liquidante e do próprio FGC, que informarão os procedimentos de habilitação de créditos e pagamento das garantias. Guardar extratos, contratos e comprovantes é fundamental.

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Resultado para a economia

Do ponto de vista de mercado, a liquidação do Master pode produzir efeitos relevantes.

Bancos médios e pequenos tendem a enfrentar aumento no custo de captação, já que investidores devem exigir juros mais altos como compensação pelo risco.

Além disso, a pressão sobre o FGC pode levar a debates regulatórios sobre limites de emissão, governança e transparência. Crises bancárias costumam reduzir o apetite por risco privado e deslocar recursos para grandes bancos e títulos públicos.

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Operação da PF

A operação, chamada Compliance Zero, aponta que títulos de crédito falsos eram vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por ativos sem avaliação técnica adequada.

Logo após o início da operação, o BC decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, medida que também atingiu a Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários, e suspendeu os bens de controladores e ex-administradores.

Com isso, qualquer negociação de compra em andamento foi automaticamente interrompida.

As investigações começaram em 2024, após requisição do Ministério Público Federal (MPF), para apurar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Também são investigados crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.

O jornalismo do SBT buscou o Banco Master para solicitar posicionamento, mas não houve retorno até o momento. A defesa de Daniel Vorcaro afirmou que o banqueiro estava viajando a Dubai a negócios.

Quem é Daniel Vorcaro

Daniel Bueno Vorcaro, 42 anos, preso na operação da PF desta terça-feira (18), é um banqueiro de investimentos conhecido no mercado financeiro. Nascido em Belo Horizonte, é dono do Banco Master e possui participações em empresas dos setores de saúde, varejo e tecnologia.

Vorcaro assumiu a presidência do Banco Máxima em 2018, quando a instituição passou a adotar o nome Banco Master. Durante sua gestão, o banco ampliou operações e criou uma corretora de investimentos. Ele também fundou o Banco Master de Investimentos e tem participação na Kovr Seguradora.

Nos últimos anos, o Master expandiu sua presença física, ocupando quatro andares de um edifício na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Depois, anunciou a mudança para um prédio maior, com o objetivo de centralizar todas as áreas em um único endereço.

Além do banco, Vorcaro é um dos proprietários do hotel de luxo Fasano Itaim, na zona nobre de São Paulo. Em 2023, também foi dono de um fundo de investimentos milionário ligado ao Atlético-MG.

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