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Veja o que pode ter levado à anulação de questões do Enem 2025

Live, publicada 5 dias antes do exame pelo consultor de vestibulandos Edcley Teixeira, mostra ao menos cinco questões quase idênticas às apresentadas pelo Inep

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Estudante de medicina acertou questões do Enem 2025 | Reprodução
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Uma live publicada no YouTube em 11 de novembro, cinco dias antes das provas de Matemática e Ciências da Natureza do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, mostrou ao menos cinco questões praticamente idênticas às aplicadas oficialmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Nas redes sociais, candidatos e influenciadores de educação acusam o consultor Edcley Teixeira de suposto vazamento. O "monitor" nega e afirma que previu perguntas com uma "engenharia reversa" desenvolvida por ele.

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Edcley, estudante de medicina do Ceará que vende consultoria para vestibulandos, afirma que "previu" as perguntas sem acesso prévio ao material sigiloso. Segundo ele, as coincidências seriam resultado de um método próprio baseado em "algoritmos" e na análise da estrutura histórica das provas do Enem.

"Desenvolvi um método de algoritmo que dá a resposta de qualquer questão. Com poucos recursos, consegui revolucionar o Enem sem que ninguém soubesse até hoje. Agora sabem. Entendi a lógica do Enem e consegui prever as questões", disse em um vídeo publicado no Instagram após a repercussão do caso.

Nas redes sociais, candidatos que realizaram o Enem 2025 passaram a suspeitar de vazamento e questionar a lisura do exame. Alguns, inclusive, demonstraram temor com a possibilidade de anulação da edição.

O SBT News procurou o Ministério da Educação (MEC) e o Inep, mas, até a publicação desta matéria, não houve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.

O que Edcley alega ter feito

O "monitor" apresentou uma série de explicações sobre como teria antecipado as questões:

1. Participação no Prêmio Capes Talento Universitário

Edcley diz ter participado da edição mais recente do Prêmio Capes Talento Universitário, voltado a estudantes de graduação, e que algumas questões usadas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) seriam posteriormente incorporadas ao banco do Enem. Ele afirma ter memorizado perguntas e replicado parte delas em seus materiais e lives.

Em maio, o perfil do MEC na rede social X publicou um vídeo de Edcley agradecendo pela participação no programa e pelo prêmio de R$ 5 mil. Nesta terça-feira (18), a publicação não estava mais disponível.

Post do MEC citando Edcley Teixeira | Reprodução
Post do MEC citando Edcley Teixeira | Reprodução

Posteriormente, em outro vídeo, o próprio Edcley recuou e disse que "não existe isso da Capes".

2. Suposta análise da Teoria de Resposta ao Item (TRI)

Ele afirma ter estudado a Teoria de Resposta ao Item (TRI) por mais de 10 anos e criado um algoritmo que identificaria padrões de formulação das questões, decifrando a lógica interna do exame por meio de uma "engenharia reversa" própria.

Ainda segundo Edcley, ele usou a Lei de Acesso à Informação (LAI) para ter acesso a provas especiais do Enem (formatos de aplicação adaptados, oferecidos para atender candidatos com necessidades específicas) e entender os temas mais cobrados nas provas.

3. Investigação de elaboradores e revisores do Enem

Edcley também declara rastrear, por meio de chamadas públicas, os nomes e CPFs de profissionais envolvidos na elaboração das provas desde 2009.

Ele afirma que pesquisou perfis em redes sociais e artigos acadêmicos publicados por eles para prever possíveis temas.

"Óbvio que vou acertar o Enem inteiro. O Enem inteiro é repetido. Eu descobri o padrão. Sabe quantas pessoas elaboram o Enem? 25 pessoas. Elas estão no Inep desde 2009. Sigam na rede social. Você vai conseguir saber no que elas estão pensando", disse.
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