Entenda como o Banco Master teria fraudado a venda de títulos, segundo a Polícia Federal
PF aponta uso de documentos falsos e de ativos inexistentes para mascarar um rombo estimado em R$ 12,2 bilhões

Murillo Otavio
Uma operação da Polícia Federal (PF), realizada nesta terça-feira (18), prendeu o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, suspeito de participar de um esquema envolvendo a emissão de títulos de crédito falsos. Segundo a PF, a suspeita de fraude bancária pode chegar a R$ 12,2 bilhões.
+ Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, tentava deixar o país em avião particular quando foi preso
Durante a ação, os agentes apreenderam carros de luxo, obras de arte, relógios e R$ 1,6 milhão em espécie. Além de Vorcaro, outras cinco pessoas foram presas.
Para esclarecer como funcionaria o esquema, o SBT News ouviu Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Como funcionava
De acordo com as investigações, o Banco Master teria criado um sistema de fraude financeira baseado na geração e na venda de ativos que não existiam ou tinham valor inflado, principalmente títulos de crédito.
Esses ativos fictícios eram apresentados ao Banco Central e a outras instituições como se fossem verdadeiros.
Com isso, o banco teria conseguido captar mais dinheiro no mercado, melhorar artificialmente seus balanços e esconder um buraco financeiro estimado pela PF em cerca de R$ 12 bilhões.
O papel dos CDBs no esquema
Um dos elementos centrais da investigação é o uso dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
💰 O CDB é um investimento de renda fixa em que o cidadão empresta dinheiro ao banco em troca de juros, que podem ser pré-fixados (definidos na aplicação) ou pós-fixados (atrelados a indicadores como o CDI).
Ou seja, a pessoa empresta um valor para a instituição bancária e recebe os juros do montante.
Segundo as autoridades, o Master vinha captando grandes volumes de CDBs, oferecendo taxas de juros acima das praticadas pelo mercado.
Esse dinheiro chegava normalmente ao Banco Master, mas parte do valor entrava em um balanço que, segundo as apurações, era sustentado por ativos inexistentes.
Operação da PF
A operação, chamada Compliance Zero, aponta que os títulos de crédito falsos eram vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central (BC), substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.
Logo após o início da operação, o Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, medida que também alcança a Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários e inclui a suspensão dos bens de controladores e ex-administradores. Com isso, qualquer negociação de compra em andamento é automaticamente interrompida.
As investigações começaram em 2024, após requisição do Ministério Público Federal (MPF), para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Outros crimes, como gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa estão sendo investigados.
O jornalismo do SBT entrou em contato com o Banco Master solicitando uma nota de posicionamento mas, até o momento, não houve retorno. A defesa de Daniel Vorcaro afirma que o banqueiro estava indo para Dubai em uma viagem a negócios.
Quem é Daniel Vorcaro
Daniel Bueno Vorcaro, 42 anos, preso em operação da Polícia Federal (PF) nesta terça, é um banqueiro de investimentos conhecido no mercado financeiro nacional. Nascido em Belo Horizonte (BH), Vorcaro é dono do Banco Master e tem participações em empresas dos setores de saúde, varejo e tecnologia.
O mineiro assumiu a presidência do Banco Máxima em 2018, quando a instituição passou a adotar o nome Banco Master. Durante sua gestão, o banco ampliou operações e criou uma corretora de investimentos. Ele também fundou o Banco Master de Investimentos e possui participação na Kovr Seguradora.
Nos últimos anos, o Master expandiu sua presença física, ocupando quatro andares de um edifício da Faria Lima, em São Paulo. Mais tarde, a instituição anunciou a mudança para um prédio maior, com o objetivo de centralizar todas as áreas em um único endereço.
Além do Banco Master, Vorcaro também é um dos proprietários do hotel de luxo Fasano Itaim, localizado no bairro nobre da capital paulista. Em 2023, o empresário também foi dono de um fundo de investimentos milionário do time de futebol Atlético-MG.









