Economia

IPOs de inteligência artificial disparam na China, mas acesso estrangeiro segue restrito

Barreiras legais e estruturais limitam a participação de investidores estrangeiros, que só conseguem acesso indireto via fundos ou programas especiais

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Bolsa: IPOs de inteligência artificial na China disparam | Costfoto/NurPhoto/Getty Images

As empresas chinesas de inteligência artificial mais promissoras estão registrando ganhos expressivos. Na estreia no mercado de Xangai, as ações da fabricante de chips MetaX Integrated Circuits subiram quase 700% na semana passada, enquanto Moore Threads avançou mais de 400% em seu primeiro dia de negociação no início deste mês.

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Enquanto investidores nacionais se apressam para obter exposição às ofertas públicas iniciais (IPOs) de tecnologia, investidores estrangeiros enfrentam barreiras significativas, analisou a CNBC em reportagem.

Investidores estrangeiros de varejo, em particular, estão quase totalmente excluídos dos IPOs na China continental. "É simplesmente impossível. A menos que abram uma conta com uma corretora chinesa", disse Chris Zhang, diretor executivo da China Fortune Securities Company, ao portal.

Abrir uma conta em corretora chinesa exige conta bancária local, o que requer comprovante de residência ou visto válido, além de já possuir ações de outras empresas listadas na China continental. A maioria dos bancos estrangeiros não tem acordos com corretoras locais, tornando o processo inviável para a maioria dos investidores individuais.

Regras municipais

As diretrizes oficiais do governo municipal de Xangai permitem que apenas um grupo restrito de estrangeiros abra contas para ações A — negociadas na China continental. Entre eles estão estrangeiros com residência permanente, trabalhadores na China ou estrangeiros no exterior com planos de incentivo em ações de empresas listadas no índice A.

Para muitos investidores globais, o Stock Connect, que conecta as bolsas de Hong Kong e da China continental, é a forma mais prática de acessar o mercado acionário chinês. O programa permite comprar ações A via corretoras em Hong Kong sem precisar de contas locais ou licenças especiais.

No entanto, o acesso a IPOs ou ações recém-listadas é limitado. "O Stock Connect não funciona porque as ações recém-listadas ainda não estão incluídas na plataforma. Normalmente, leva de algumas semanas a meses para que as ações se qualifiquem", explicou Theodore Shou, diretor de investimentos da Skybound Capital à CNBC.

A inclusão depende de critérios como valor de mercado e atividade de negociação, exigindo histórico e dados suficientes.

Exposição institucional e fundos offshore

A negociação no sentido norte — investidores estrangeiros comprando ações da China continental via Stock Connect — normalmente só fica disponível meses após a abertura de capital. Mesmo assim, não há garantia de que Moore Threads e MetaX sejam incluídas.

Outra alternativa são os fundos. Investidores de varejo podem ter exposição limitada por meio de fundos offshore que investem em ações da classe A. Esses fundos geralmente participam de IPOs do STAR Market, mas "essa participação será indireta, muito limitada e, em grande parte, sem significado", ressaltou Shou.

O STAR Market, em Xangai, funciona no estilo Nasdaq, focando em setores estratégicos como semicondutores, inteligência artificial e biotecnologia. Ele exige menos rentabilidade e mantém acesso restrito a investidores estrangeiros de varejo.

Programas para grandes instituições

Investidores institucionais estrangeiros qualificados (QFIIs) podem investir diretamente em ações chinesas negociadas no mercado interno, incluindo IPOs. O programa é voltado a grandes gestores de ativos, fundos soberanos e bancos, não a investidores individuais. Entre os participantes estão bancos de investimento como Morgan Stanley e Goldman Sachs, além de bancos centrais.

Os programas QFII e RQFII permitem negociações em renminbi e participação em IPOs, mas exigem aprovação da Comissão Reguladora de Valores da China e registro junto à SAFE. Para se qualificar, instituições devem ter situação financeira sólida, experiência relevante, sistemas de governança robustos e histórico regulatório impecável, além de custodiante local.

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