"Culpar mudanças climáticas por aumento no preço de alimentos não é correto", diz pesquisador do Ipea
Alta impactou queda na popularidade de Lula em recentes pesquisas; presidente reuniu ministros nesta segunda (18) para melhorar comunicação do governo
O aumento no preço de alimentos, uma das razões para a queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas, foi assunto no Brasil Agora desta segunda-feira (18), apresentado por Iasmin Costa e Murilo Fagundes.
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O economista e matemático José Eustáquio Ribeiro, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), comentou que "culpar mudanças climáticas pelo aumento no preço de alimentos não é correto".
"Enquanto governo busca alternativas de curto prazo, a gente vai tapar o sol com a peneira. Para uma alternativa de médio e longo prazo, o governo tem que priorizar o aumento do investimento. Porque o aumento do investimento vai proporcionar deslocamento da curva de oferta pra direita", disse.
"E esse deslocamento vai pressionar os preços para baixo. O que acontece é que gasto fiscal do governo não está relacionado com investimento. Estão sendo feitos novos concursos, aumentando gastos desnecessários. No final, se você não desloca a curva de oferta, vai ter pressão inflacionária na economia. Isso reflete nos preços", completou.
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Para o economista, a sazonalidade do setor agropecuário nos preços "é algo comum". "É natural no setor. Culpar as mudanças climáticas pelo aumento do preço não é correto. Eu acho que o que há é uma estratégia de gastos muito elevados que está pressionando os preços. Boletim Focus está mostrando esta sinalização. A gente vai ter crescimento de preços em 2024, com uma possível estabilidade em 2025", explicou.
O pesquisador do Ipea também vê possíveis impactos de políticas protecionistas de países da Europa e dos Estados Unidos no preço de alimentos.
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"Protecionismo, a gente sabe, o Brasil também vai querer entrar neste jogo político, aumentando as nossas tarifas. Resultado é: teremos aumento de preços. Não tenho dúvida. Se não houver controle fiscal muito grande, a gente vai continuar falando de agroinflação ao longo deste ano", analisou.