Banco Central eleva Selic em 1 ponto e taxa básica de juros vai a 14,25%
Comitê de Política Monetária faz a 5ª elevação seguida dos juros para conter inflação que preocupa em relação ao preço dos alimentos e da energia

Marcela Guimarães
O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) anunciou nesta quarta-feira (19) a quinta elevação consecutiva da Selic, que passa de 13,25% para 14,25% %, em decisão unânime.
A taxa básica de juros da economia atinge, desta forma, o maior patamar desde desde outubro de 2016, em meio à crise que culminaria no impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O Banco Central também assinalou, em comunicado, que deve continuar a política de alta de juros com foco na inflação, mas com aumento menor na próxima reunião.
"Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião", afirma o BC.
Esta foi a segunda reunião do comitê comandada por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula para comandar o BC. Na reunião anterior, em 29 de janeiro, o Banco Central elevou a Selic em 1 ponto percentual, saltando de 12,25% para 13,25% ao ano.
+ Tabela do Imposto de Renda está 154% defasada, aponta sindicato de auditores fiscais da Receita
No comunicado de janeiro, o Copom já adiantava que manteria o ritmo de alta dos juros, com elevação a taxa em 1 ponto percentual, justificando incertezas externas e ruídos provocados pelo pacote fiscal anunciado pelo governo federal no fim de 2024.
O mercado financeiro projeta mais duas altas, de 0,50 e 0,25, de forma que a Selic encerraria o ano em 15% ao ano. Mas isso vai depender da evolução dos indicadores de inflação, aponta a economista chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli .
"Em tese, a alta da Selic somada à manutenção dos juros por parte do Fed (Banco Central dos EUA) devem ter um impacto positivo na taxa de câmbio amanhã, via ingresso de fluxo especulativo para Brasil. Mas vale lembrar que parte desse efeito já havia sido precificado pelo mercado ao longo dos últimos dias", afirma a economista em relatório.
Remédio amargo
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para conter a alta dos preços e o aumento do custo de vida e, por isso, quando elevada, é chamada de “remédio amargo”. Quando os juros sobem, financiamentos, empréstimos e compras no cartão de crédito, por exemplo, ficam mais caros e desestimulam o consumo. Com menos famílias comprando, os preços tendem a cair, ou seja, a inflação fica menor.
Por outro lado, quando a inflação está controlada e o BC reduz os juros, o crédito se torna mais acessível, incentivando o consumo.
+ Mercado financeiro desaprova gestão Lula e Haddad, mas aprova Galípolo à frente do BC, diz Quaest
Super Quarta
A data de hoje, chamada de "super quarta" - em que decisões de política monetárias são tomadas no Brasil e nos Estados Unidos (EUA) - também foi marcada pela decisão do Fed (Federal Reserve), Banco Central dos Estados Unidos, que manteve as taxas de juros do país inalteradas, na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.