Inflação ao consumidor americano vem abaixo do esperado e anima bolsas
Resultado influi diretamente na decisão de dezembro do Fed sobre os juros; crescem apostas de alta de 0,50 pp
A inflação ao consumidor nos Estados Unidos em outubro surpreendeu para melhor. A alta dos preços ficou em 0,4% em relação ao mês anterior. Os dados foram divulgados pelo Departamento do Trabalho nesta 5ª feira (10.nov).
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Considerando-se a inflação em 12 meses, o número agora está em 7,7% acumulados. É uma baixa em comparação aos 8,2% do anualizado de setembro. A inflação americana ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) teve a menor elevação para um período de 12 meses desde o índice equivalente de janeiro deste ano. No fatiamento interno da taxa, alguns destaques: energia em alta de 1,8% depois de três quedas sucessivas; alimentos subiu 0,6% contra os 0,8% de setembro.
Leitura dinâmica
A tendência do mercado foi ler os dados acerca do indicador como positivos para o campo do combate à própria inflação: os analistas financeiros e economistas acompanham a todo momento este cenário e botam na ponta do lápis as contas da política monetária. O quanto o Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve - Fed) vai ter que apertar o cinto dos juros pra segurar a inflação é a pergunta chave. Um número de custo de vida subindo menos, como agora, tende a demonstrar duas coisas: 1) o rumo da política monetária apresenta seus resultados, puxando o crescimento inflacionário para baixo e 2) colocando-se em perspectiva, o resultado do CPI hoje consegue dar força às apostas de que o Fed vá subir menos os juros por lá, na próxima reunião prevista para o mês de dezembro. Crescem assim, dizem analistas, as chances de uma alta de 0,50 ponto percentual na taxa, e não mais de 0,75 pp como o mercado torce pra não ver acontecer -- na semana passada, o nível de elevação dos juros foi exatamente esse. Uma puxada menor levará os juros básicos americanos para o intervalo entre 4,25% ao ano e 4,50% aa.
Fazendo preço
O questionamento sobre até onde vai o aumento de juros nos Estados Unidos permanece. Até porque, além de segurar a inflação e reconduzi-la à meta de 2% aa, qualquer mexida nos juros tende a apontar também as armas para a própria atividade econômica, sob risco de reduzi-la também, consequência indesejada pelo universo econômico. Mas o mercado financeiro trabalha a todo o tempo tirando dos resultados macro, por exemplo, seus motivos para "reprecificar" papéis de um setor ou de outro, de acordo com o encaminhamento da política econômica. Nada demais, faz parte do jogo legitimamente. Só que este movimento se dá de maneira intesa e pari passu a cada vírgula dos números e dos pronunciamentos das autoridades. É por isso que, ao longo desta 5ª feira, os investidores em Bolsa nos EUA se aproveitaram do número do CPI para projetar, entre outros indicadores, para onde vão os juros na América. E a julgar pelos desempenhos dos principais índices do mercado, gostaram do que viram. Durante a tarde, o Nasdaq disparava 6%; o Dow Jones + 3% e o S&P500 4,5%.