Luminárias japonesas são parcialmente removidas do bairro Liberdade
Remoção visa valorizar a Capela dos Afritos e resgatar a memória dos povos negros e indígenas em São Paulo
Na semana passada, a cidade de São Paulo assistiu a uma mudança importante na Rua dos Aflitos, localizada no tradicional bairro da Liberdade. A Capela dos Aflitos, localizada no fim do Beco dos Aflitos, é um monumento histórico de grande significado para os povos negros e indígenas, ligado à memória de pessoas que foram marginalizados em São Paulo entre os séculos XVI e XIX.
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Por anos, a fachada da Capela dos Aflitos foi obscurecida pelas luminárias japonesas – símbolo do bairro da Liberdade –que abriga uma grande comunidade asiática. Recentemente, essas luminárias foram removidas, permitindo que o edifício fosse mais visível e respeitado, destacando sua importância para a memória dos povos negros e indígenas.
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O bairro passou por um processo de "ocultação" de suas memórias históricas, com uma forte presença da cultura japonesa, algo que, segundo o historiador, não precisa anular a memória das comunidades negras e indígenas. Após dois anos de conversas com a Prefeitura de São Paulo, o movimento União dos Amigos da Capela dos Aflitos conseguiu a retirada de oito postes de luminárias japonesas, que foram realocadas para outros pontos do bairro. No lugar, foram instalados postes mais altos, permitindo agora a visibilidade total da Capela. Wesley Vieira destaca que essa mudança é uma forma de respeitar e integrar as memórias de diferentes comunidades, sem que uma sobreponha a outra.
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A Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, representada por Carlos Kendi, diretor de relações governamentais do Bunkyo, não se opôs à remoção das luminárias. Kendi afirmou que não há razão para resistir ao processo, pois a Rua dos Aflitos tem um valor histórico que deve ser respeitado por todos.
"Nós não somos donos dessa memória, ela é de toda a sociedade", disse o diretor. Com a remoção dos obstáculos, o próximo passo será restaurar o interior da Capela dos Afritos, com a intenção de transformá-la em um ponto turístico que ajude a educar as pessoas sobre a história negra e indígena em São Paulo. Guias turísticos, como Hubber Clemente, destacam a importância de preservar e sinalizar locais históricos para promover o afroturismo, proporcionando acesso facilitado e a conscientização sobre essas memórias. "Com sinalização e preservação, mais pessoas terão acesso à história negra", afirmou.
O sonho é que o espaço ao lado da Capela dos Aflitos se transforme em um memorial dedicado à memória dos povos negros e indígenas. A historiadora Claudenice Aparecida de Oliveira e a professora de teatro Hilssy de Nazaré ressaltam a importância de preservar esses locais como uma forma de honrar os ancestrais que fizeram parte da formação da cidade. Com o avanço da restauração e valorização do patrimônio histórico, o objetivo é garantir que o respeito pela memória de todas as pessoas que contribuíram para a formação de São Paulo seja mantido para as futuras gerações.