Ex-jogador do Corinthians supera surdez e se torna pianista aos 50 anos
Júlio César, que fez parte da Democracia Corintiana, idealiza concerto inclusivo para pessoas com deficiência
Júlio César, ex-jogador do Corinthians, encontrou na música um novo caminho de superação após perder a audição. Entre 1982 e 1983, ele foi atacante do time paulista e fez parte da famosa Democracia Corintiana. Quando sua carreira no futebol terminou e ele começou a perder a audição, a música ainda era um hobby. Aos 50 anos, surpreendeu ao se tornar pianista e compor dois concertos de música erudita.
“O futebol e a música sempre correram paralelos na minha vida”, comenta Júlio César. O desafio mais difícil foi driblar a surdez, enfrentada com a ajuda da leitura labial. Hoje, ele prova que é possível compor no silêncio.
O ex-jogador começou a perder a audição aos 30 anos, pouco depois de pendurar as chuteiras. A paixão pelo piano veio de surpresa, transformando um hobby em um novo ofício aos 50 anos. Seu trabalho musical vai além das notas: ele criou um espetáculo inclusivo, chamado "Jogadas da Vida", que reúne músicos com deficiência.
Em suas obras, Júlio César narra histórias por meio da música. "O primeiro movimento é delicado, quase angelical. Representa meu nascimento e a tranquilidade dos meus pais", explica. O segundo, conta, é marcado por uma tristeza profunda, simbolizando a perda da audição. Já o terceiro é alegre, refletindo o momento em que ele se reconciliou com a vida e com Deus.
A dedicação e energia de Júlio César impressionam colegas como Sergei Eleazar Carvalho, violinista que toca com ele há oito anos: “A entrega dele é maior do que de muitos músicos profissionais”.
Embora comparado a Beethoven, o ex-jogador mantém os pés no chão. “Eu sou o Júlio César, ele é o Beethoven. Ele começou no piano com 5 anos, eu com 50", diz.
A história de Júlio César foi parar nas páginas de dois livros escritos por ele. Aos 61 anos, segue inspirando todos a nunca desistirem: "Eu só paro quando eu morrer. Se Ele me deixar aqui, Ele vai ter que me abrir mais caminhos, porque eu não paro".