Em busca de votos, Flávio Dino visita vice-líder do governo no Senado
Indicado ao STF disse que senadores têm conversado com ele sobretudo sobre a harmonia entre os Poderes
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, voltou ao Senado, nesta 5ª feira (30.nov), para buscar votos favoráveis à sua indicação ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Por volta de 11h20, Dino se dirigiu ao gabinete de Confúcio Moura, vice-líder do governo na Casa.
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Ambos conversaram no gabinete. Senador por Rondônia, Confúcio é integrante do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). A sigla tem 11 senadores. Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), quatro dos titulares pertencem à legenda.
Dino precisa de pelo menos 14 votos na CCJ para ter a sua indicação aprovada pelo colegiado. No plenário, são necessários 41. A Comissão de Constituição e Justiça vai deliberar sobre sua aprovação em 13 de dezembro. A votação ocorrerá após Dino ser sabatinado.
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Ele deixou o gabinete de Confúcio por volta de 11h55. Em frente ao local, tirou foto com três crianças e uma mulher maranhenses admiradores do atual titular do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Na sequência, deu uma entrevista a jornalistas.
"Na verdade, hoje, o mais importante é você conversar, dialogar e sobretudo ouvir. Porque se você pleiteia a aprovação de um órgão como o Senado, você tem que compreender bem o que é essa instituição importantíssima está pensando sobre o Brasil. Então essas visitas, evidentemente, tem o sentido do voto, mas tem o sentido também de compreender a visão que o Senado tem hoje sobre os temas institucionais de um modo geral, os temas jurídicos", pontuou Dino.
"Então as conversas tem sido muito boas porque, em primeiro lugar, são conversas de aprendizado. E se eu tiver a aventura de merecer a aprovação do Senado, essas conversas me ajudarão a exercer bem a função, no sentido do diálogo permanente com os senadores, no sentido de compreender as razões próprias da política, valorizar o trabalho legislativo, entender que os senadores têm cada um uma visão do nosso imenso território brasileiro. Então eu estou muito feliz, muito tranquilo e muito sereno, e obviamente muito otimista".
Dino disse ter certeza de que a sabatina na CCJ será um "bom momento". "Um momento em que, eventualmente, pode haver alguma pergunta que desborde ou ultrapasse os limites de uma sabatina constitucional, mas isso é normal. A democracia é o regime da pluralidade".
Questionado sobre como pretende responder a esse tipo de pergunta, declarou: "Como eu sempre fiz, com tranquilidade, ponderação, com clareza, com transparência, e sempre manifestando essa visão de que no regime democrático você convive com a pluralidade não como um favor, é uma obrigação. Quem é democrata entende o valor das diferenças, ideológicas, políticas, pessoais".
Em relação aos temas que os senadores estão conversando com ele, afirmou que, sobretudo, "essa ideia da harmonia entre os Poderes". "É um tema realmente muito importante para o Brasil, sempre foi, isso está na Constituição, mas, na vida política recente, na vida social do nosso país nos últimos dez anos sobretudo, não só no Brasil, também em outros países, se produziu aquilo que se convencionou chamar de polarização".
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Ele prosseguiu: "E evidentemente o STF e o Poder Judiciário não podem ser parte da polarização. É isso que eu tenho ouvido de parlamentares à direita, à esquerda, de centro, de vários partidos, e eu concordo com isso e tenho certeza que isso é uma necessidade nacional. Então esse é o ponto que tem sido mais evidenciado, e eu tenho frisado que eu sou uma pessoa coerente, uma pessoa de uma atitude só, no que diz respeito ao acesso, à transparência. Então, claro, no que se refere à luta política, ideológica, partidária, mudará o lugar. Mas em relação ao diálogo, nunca deixei de dialogar".
Dino ressaltou que, se virar ministro do STF, manterá a mesma atitude que tem de conversar e receber as pessoas. Falou também, na busca por votos, tem conversado com os senadores de todos os lados. "Todos os lados políticos, partidários, ideológicos. São dezenas de conversar a essas alturas, e todas muito gentis, muito fraternas, muito respeitosas, e sobretudo nessa dimensão prática muito animadora no que se refere à obtenção dos votos".
Para Dino, um candidato a ministro do Supremo não pode ter preconceito em relação a senadores. Dessa forma, acrescentou, se parlamentares da oposição como Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Sergio Moro (União-PR) quiserem conversar com ele, "não há nenhum problema".
Visita
Após a entrevista, Dino foi ao gabinete da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), onde o indicado por Lula (PT) ao posto de procurador-geral da República, Paulo Gonet, também estava.
Gonet deixou o gabinete por volta de 12h20 e foi para o da senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO). Já Dino saiu do espaço de Eliziane por volta de 12h30 e foi embora do Senado. Disse que retornaria ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
**Reportagem atualizada às 13h25
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