Mesmo em silêncio, CPMI do 8/1 "interroga" ex-chefe da PM no DF
Fábio Vieira, preso e denunciado por atos golpistas, tem habeas corpus do STF e ouve parlamentares por quase 7 horas
Ricardo Brandt
Os deputados e senadores da CPMI dos Atos Golpistas do 8 de Janeiro interrogaram por sete horas o coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que permaneceu calado. Com direito de não responder aos questionamentos, concedido pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), ele ouviu os questionamentos e os dados apresentados, e respondeu sempre: "Vou permanecer em silêncio".
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Preso desde o dia 18, quando foi denunciado ao STF pela Procuradoria Geral da República (PGR), Fábio Vieira foi fardado ao Congresso. O depoimento começou às 10h e seguiu até o final da tarde, com uma pauta de uma hora no almoço.
Responsável pelo policiamento no dia das invasões aos prédios do Três Poderes, em Brasília, ele afirmou no início que não falaria, por não ter tido acesso integral aos documentos da denúncia. "Não foi franqueado à minha defesa a íntegra dos documentos utilizados pela acusação na formulação da denúncia e, por orientação da minha defesa técnica, vou permanecer em silêncio até o acesso à íntegra dos autos."
O coronel afirmou "jamais" ter tramado por um golpe, nem favorecido aos atos de invasão aos prédios dos Três Poderes. Disse ter ficado "consternado ao ver vândalos, verdadeiros terroristas, depredando prédios públicos, monumentos históricos".
Mesmo sem respostas, situação e oposição fizeram suas perguntas e apresentaram suas cartas. Aliados do governo Luiz Iácio lula da Silva (PT) usaram a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os envolvidos.
A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), abriu o interrogatório sem respostas. Questionou o ex-chefe da PM no DF sobre mensagens trocadas por ele e outros membros da PM, descobertas nas investigações criminais do STF. "O efetivo, de fato, era muito pequeno, era algo em torno de 200 militares."
O senador Eduardo Girão (Novo-CE), do bloco de oposição ao governo, disse que a PM foi a única responsabilizada, mas acusou "apagão geral na segurança pública" do DF. "É injusto atribuir a uma instituição", disse o senador. Segundo ele, a Força Nacional de Segurança poderia ter sido acionada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. "É a responsabilidade de agir em defesa do patrimônio público, teria evitado o que aconteceu."
No dia 18, Fábio Vieira e mais seis PMs foram presos por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, com base na denúncia da PGR. O órgão apontou que a cúpula da PM no DF foi omissa e deixou de agir para impedir os ataques.
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