Quem é Mauro Cid, militar que a CPMI do 8 de janeiro ouve nesta terça-feira
Ex-ajudante de Bolsonaro está preso por suposta fraude em cartões de vacina
O ex-ajudante de ordens e braço direito de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, virou peça-chave em investigações que envolvem o ex-presidente. Cid foi preso por suposta fraude em cartões de vacina, mas ainda é investigado em outros casos que apuram desde quebra de sigilo a lavagem de dinheiro.
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Quem é Mauro Cid?
Mauro Cesar Barbosa Cid entrou no exército em 1996 e se formou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 2000. Cid era major até o ano passado, quando foi promovido a tenente-coronel.
Ele é filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega de Bolsonaro no curso de formação de oficiais do Exército na Aman.
Qual era a função dele no governo?
Cid foi nomeado ajudante de ordens de Bolsonaro pouco antes da posse do ex-presidente. Os presidentes têm direito a ajudantes de ordens desde os anos 1940 e, em geral, eles são militares na ativa.
O tenente-coronel agia como um secretário particular do ex-presidente. Ele chegava a atender telefonemas do celular de Bolsonaro, cuidava das contas pessoais do presidente e acompanhava as redes sociais do governo.
O ajudante de ordens circulava ao lado do presidente em reuniões reservadas e no carro presidencial. Também tinha acesso a locais restritos como as dependencias do Palácio do Planalto e hospitais em que Bolsonaro esteve.
Por que Cid está preso?
Cid foi preso pela Polícia Federal no dia 3 de maio, em uma operação que investiga a falsificação da carteira de vacinação dele e do ex-presidente da República, além de familiares dele e de Bolsonaro.
Ele e mais outros cinco presos foram indiciados pelos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
Até o momento, o Ministério Público não ofereceu uma denúncia. O militar teve o direito a liberdade negado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), há dez dias.
Quais as outras investigações?
Cid também está sendo investigado por outros crimes. Um dos inquéritos apura se o ajudante de ordens do ex-presidente operava uma espécie de "caixa paralelo", em que teria pagado contas do clã presidencial em dinheiro vivo, em uma possível lavagem de dinheiro. O ex-presidente Bolsonaro nega as informações.
O tenente-coronel também ficou conhecido nacionalmente depois do caso das joias da Arábia Saudita. Cid teria coordenado a tentativa de Bolsonaro de reaver as joias que foram presenteadas a Michelle Bolsonaro e foram apreendidas pela Receita Federal na alfândega em São Paulo.
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O que a CPMI deve questionar?
Mauro Cid é um dos principais alvos da CPMI dos Atos Golpistas de 8 de janeiro, onde presta depoimento nesta 3ª feira (11.jul). Ele obteve o direito de permanecer em silêncio, em perguntas que podem o incriminar.
O foco dos parlamentares deve ser as mensagens encontradas pela PF no celular de Mauro Cid, que sugerem um plano para um golpe de Estado com decretação de estado de sítio, suspensão da atual ordem constitucional, possível afastamento de ministros do TSE e a convocação de novas eleições.
Os documentos mostram um diálogo entre Mauro Cid e o coronel do Exército Jean Lawand, que já foi ouvido na CPMI.
"Cidão, pelo amor de Deus, faz alguma coisa. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente [Bolsonaro] vai ser preso. E, pior: na Papuda", escreveu Lawand.
Em seguida, Cid respondeu: "Mas, o PR não pode dar uma ordem se ele não confia no ACE [Alto Comando do Exército]".