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Indicação de Lula ao Supremo Tribunal Federal vai enfrentar desgaste na CCJ

Governo vai precisar do "centrão" para aprovar novo integrante da Corte

Indicação de Lula ao Supremo Tribunal Federal vai enfrentar desgaste na CCJ
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Dez senadores deverão ser os principais obstáculos à próxima indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Supremo Tribunal Federal (STF), na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, a CCJ. Como primeira etapa para avançar a escolha do próximo ocupante após a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, o nome precisará da aprovação de, no mínimo, 14 dos 27 congressistas que fazem parte do colegiado. Pela atual composição, a quantidade de votos necessária não será um problema. Mas a oposição, formada por bolsonaristas e lavajatistas, pode colocar obstáculos e desgastar o indicado de Lula.

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Caso opte pelo advogado que conduziu os processos à época da Operação Lava Jato, Cristiano Zanin, o embate poderá ser ainda maior. Tido como um dos principais cotados pelo petista, Zanin terá que responder a questionamentos dos senadores da comissão, entre eles, o de Sergio Moro (União-PR), ex-juiz da operação. O senador, inclusive, já questionou publicamente a possibilidade do nome, classificando Zanin como "advogado e amigo pessoal" do presidente. "Onde está a impessoalidade? Como fica a independência das instituições", afirmou, em março. À época, o senador também sinalizou a articulação contra o nome. "Estaremos de olho", disse.

Por outro lado, Zanin é visto como um nome de boa articulação política, inclusive à direita e de nomes ligados ao mercado. Em fevereiro deste ano, o antigo advogado que já atuou em causas com Lula, foi contratado pela varejista Americanas para atuar em um processo junto ao Superior Tribunal de Justiça.

Independente do nome a ser definido por Lula, nas estimativas de analistas consultados pela reportagem, o presidente deve contar em média com o apoio de 16 senadores, mais do que o mínimo necessário para a aprovação. Mas a oposição formada por bolsonaristas do PL, lavajatistas do Podemos e PSDB, e integrante do União Brasil pode dificultar o processo. Somados, o grupo teria ao menos dez votos, considerando os que se expõem com frequência contra o governo Lula. São eles:

  • Flávio Bolsonaro (PL-RJ);
  • Carlos Portinho (PL-RJ);
  • Magno Malta (PL-ES);
  • Eduardo Girão (Novo-CE);
  • Ciro Nogueira (PP-PI);
  • Sergio Moro (União-PR);
  • Plínio Valério (PSDB-AM); 
  • Marcos do Val (Podemos-ES);
  • Oriovisto Guimarães (Podemos-PR);
  • Marcio Bittar (União-AC).

Mesmo com a oposição declarada, não necessariamente todos os votos podem ser contrários à indicação petista - isso pelo fato do processo ser secreto. Ainda se todos forem contra o nome, o grupo não seria suficientemente grande para derrubar o apoio que Lula sinaliza ter no colegiado. Entre aliados, estão senadores do PT, como Fabiano Contarato (ES), Rogério Carvalho (SE) e Augusta Brito (CE). Além de nomes próximos ao governo, como Renan Calheiros (MDB-AL) e Eliziane Gama (PSD-MA).

A decisão da CCJ

A comissão é responsável pela primeira etapa de avaliação do indicado pelo presidente ao Supremo Tribunal Federal e analisa se o nome indicado tem notório saber jurídico. Entre os questionamentos apresentados podem ser abordados temas políticos e pessoais. Com aprovação no colegiado, o processo avança para o plenário do Senado, onde é necessário alcançar pelo menos 41 votos.

Na última sabatina, do segundo indicado de Jair Bolsonaro, André Mendonça, 18 senadores votaram a favor e 9 foram contra, após uma sessão que durou cerca de 8 horas. O ex-advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça respondeu a perguntas relacionadas à pautas de costumes, como direito à vida e eutanásia, e precisou expor a opinião frente à descriminalização de drogas no Brasil. Em plenário, Mendonça foi aprovado por 47 votos a favor - seis a mais do que o mínimo - e 32 contrários.  

Nenhuma indicação apresentada por um presidente após a redemocratização foi negada pelo Senado. Desde a criação do STF, em 1890, depois da proclamação da República, apenas cinco nomes foram derrubados - todos em 1894, no governo do marechal Floriano Peixoto.

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