Dez pessoas são indiciadas por falta de oxigênio em hospital gaúcho
Polícia Civil concluiu inquérito sobre incidente no hospital de Campo Bom (RS), que deixou seis mortos
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Dez pessoas foram indiciadas por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, em função da falta de oxigênio que levou pelo menos seis pacientes com Covid-19 a óbito, no dia 19 de março, no Hospital Lauro Reus, em Campo Bom (RS).
Seis dos indiciados são ligados ao hospital e quatro à empresa fornecedora de oxigênio, incluindo o responsável pela programação da entrega do produto e um representante comercial que, segundo a investigação, poderia ter providenciado o abastecimento emergencial na véspera da tragédia. Os outros dois funcionários foram indiciados por falso testemunho.
Perícias criminais comprovaram que não houve falhas mecânicas no fornecimento de energia elétrica e na central de oxigênio. O problema se deu no atraso do reabastecimento. Segundo a investigação, o oxigênio não foi entregue em tempo. Na véspera da tragédia, o tanque já estava em nível crítico. De acordo com a polícia, a equipe de manutenção tinha conhecimento dos baixos níveis de oxigênio e do alto consumo por causa da pandemia. Na noite anterior às mortes, não havia equipe de manutenção para monitorar os níveis de oxigênio.
O inquérito destaca ainda que as equipes médicas e de enfermagem não foram informadas dos baixos níveis de oxigênio e não tiveram condições de se preparar para o evento. O painel de alarme, sonoro e luminoso, que avisaria sobre a queda de pressão na rede, não teria funcionado. A Polícia Civil de Campo Bom investiga ainda a morte das outras 15 pessoas que estavam internadas naquele dia e que morreram posteriormente.
A direção do hospital disse que ainda não teve acesso ao inquérito. A empresa fornecedora de oxigênio, a Air Liquide, ainda não se manifestou.