Nove das dez vítimas do atentado na escola de Suzano são enterradas

Foram enterradas nesta quinta-feira (14) nove das dez vítimas do atentado que ocorreu na manhã do dia anterior, na escola Raul Brasil, em Suzano. Seis delas foram veladas em uma cerimônia coletiva nesta manhã, que reuniu cerca de dez mil pessoas.

 

Famílias dos alunos Caio Oliveira (15 anos), Cleiton Antônio Ribeiro (17 anos), Kaio Lucas Limeira (15 anos) e Samuel Melquiades Silva de Oliveira (16 anos) e das funcionárias Eliana Regina de Oliveira Xavier (38 anos) e Marilena Ferreira Umezu (59 anos), além de centenas de moradores do município da Grande São Paulo, prestaram suas homenagens e participaram de celebrações ecumênicas na Arena Esportiva de Suzano, que fica a menos de um quilômetro da escola onde ocorreu o ataque.

 

Os cultos, que reuniram representantes das religiões católica e protestante, foram celebrados pelo pároco da Igreja São Sebstião, Cláudio Taciano, pelo bispo da Diocese de Mogi das Cruzes, Dom Luís Stringhini, e pelo bispo da Igreja Mundial Cristã, Júlio Vertulo.

 

O Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, o Secretário Estadual da Educação, Rossieli Soares, e o Prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, também compareceram à cerimônia para prestar suas condolências. 

 

A primeira vítima dos atiradores, o comerciante Jorge Antônio de Moraes, que era tio de Guilherme Tauci, também foi enterrado em Suzano, no final da manhã desta quinta-feira, em outro cemitério.

 

A despedida do estudante Douglas Murilo Celestino, de 16 anos, foi realizada separadamente, na Igreja Evangélica frequentada pelo jovem e pela família, no Parque Maria Helena, também no mesmo dia. 

 

Uma das testemunhas sobreviventes do massacre conta que Douglas havia conseguido fugir dos atiradores, porém, resolveu voltar para resgatar a namorada Adna Bezerra, também de 16 anos.

 

"Ele já tinha pulado o muro pro outro lado. Aí, como ele era pessoa de coração bom, ele voltou pra pegar a namorada dele, ela já estava no chão. Deu de cara com os caras, atirou nele, não conseguiu mais fugir.", conta o amigo da vítima. 

 

O aluno chegou a ser socorrido ao Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, mas, não resistiu aos ferimentos. 

 

Adna Bezerra segue internada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde, o quadro de saúde da aluna está estável.

 

 

Indenização sem "poréns" 

 

 

Ainda nesta quinta-feira (14), o Governador João Doria, anunciou que a família de cada vítima irá receber uma indenização do Estado, no valor de aproximadamente cem mil reais, em até trinta dias. 

 

"Esta indenização não restabelece a vida dos que foram cruelmente assassinados, ontem em Suzano, nessa escola pública estadual. Mas, ela conforta parcialmente os seus familiares, por isso, o Governo de São Paulo tomou a decisão independentemente de qualquer recurso judicial, de qualquer demanda", declarou Doria. 

 

A liberação do valor indenizatório, contudo, foi anunciada mediante a assinatura de um termo em que a família se compromete a não acionar judicialmente o Governo do Estado. 

 

"O Governo do estado vai condicionar ao documento assinado pela família da vítima. Ao receber a indenização (a família) abre mão de qualquer processo indenizatório contra o Estado de São Paulo", ressaltou o Governador.

 

João Doria ainda explicou que as famílias poderão optar por não receber o valor caso decidam por entrar na Justiça.

 

"Evidentemente, qualquer família pode tomar sua decisão. Não quer receber, prefere demandar o Governo do Estado, está no seu direito", concluiu o governante. 

 

O vice-governador Rodrigo Gacia (DEM) explicou que o decreto de Doria é um reconhecimento da "responsabilidade civil" do Governo e que, para dar andamento à medida, será instalado um comitê executivo coordenado pela Procuradoria-Geral do Estado.

 

O comitê, que funcionará na Delegacia Regional de Ensino de Suzano, a partir desta sexta-feira (15), terá como função a gestão dos pagamentos das indenizações às famílias.