'Pior dor do mundo': entenda doença que faz jovem brasileira querer eutanásia na Suíça
Carolina Arruda tem 27 anos e recebeu diagnóstico de neuralgia do trigêmeo quando tinha 16; sensação pode ser descrita como facada no rosto
A jovem brasileira Carolina Arruda, de 27 anos, sofre com uma doença rara que afeta o nervo responsável pela mastigação e sensibilidade: a neuralgia do trigêmeo, que causa a dor considerada "a pior do mundo", que vai desde o topo da cabeça, atinge todo o rosto, além da boca e da língua. Ela é descrita como choque, facada ou pontada no rosto e o paciente pode apresentar de 10 a 50 episódios por dia, segundo o médico especializado em dor, Bruno Miranda.
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"A rotina com a 'maior dor do mundo' começou. São duas doses de morfina tomadas antes de ir para o hospital e esperar ser atendida por um médico que entenda da minha doença", disse Carolina, em um dos vídeos divulgados no Tik Tok
Por isso, a estudante de veterinária, que recebeu o diagnóstico há 10 anos e compartilha em suas redes sociais a rotina com a doença, pretende realizar eutanásia, ou suicídio assistido. No entanto, o procedimento, que consiste basicamente na administração de medicamentos que levam à morte sob supervisão médica, não é permitido pela lei brasileira. Por isso, Carolina pretende viajar para a Suíça, um dos países em que a legislação nacional permite a realização eutanásia.
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Para atingir esse objetivo, Arruda, que mora em Bambuí, no interior de Minas Gerais, criou uma vaquinha online para arrecadar dinheiro suficiente para arcar com os custos da viagem e do procedimento.
A palavra eutanásia significa "boa morte", e vem do grego "eu" (bem) e "thanásia" (morte) e ainda é um debate controverso, que divide opiniões entre os especialistas da área médica e jurídica do país e do mundo.
Apesar não ser tipificado como crime no Código Penal brasileiro, a pessoa responsável que realizar o método pode responder por homicídio doloso, segundo a advogada Daniela Vespucci, com a pena de até 20 anos de reclusão.
No entanto, há uma resolução publicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2012, que permite a ortotanásia e autoriza o médico (mediante autorização de familiares ou do próprio paciente) a limitar ou suspender tratamentos, em caso de doença grave sem possibilidades de cura.
O que causa a neuralgia do trigêmio?
Segundo a Rede D'Or São Luiz, a condição é causada após o deslocamento de uma artéria, seja por aneurisma ou outras causas, que acaba comprimindo o nervo do trigêmeo e a dor, geralmente, é desencadeada por um estímulo sensorial. É mais comum que, no caso de pessoas mais jovens, seja uma consequência de uma lesão nervosa causada pela esclerose múltipla.
Após o diagnóstico a dor inicia-se apenas pelo toque em um ponto específico (um "ponto gatilho") da face, dos lábios ou da língua ou por atividades como escovar os dentes ou mastigar e é mais comum em mulheres e pacientes acima de 40 anos.
Primeiros sintomas e sinais de atenção
Geralmente, o primeiro sintoma da neuralgia é uma forte pontada facial, que pode aparecer de forma súbita. A crise dura poucos segundos, mas costuma surgir de novo instantes depois. A doença é detectada pela ressonância de crânio (RMC)
É possível tratar?
Como é uma doença sem cura, geralmente a conduta é o tratamento da dor. Os mais usados são os medicamentos anticonvulsivantes, como Carbamazepina obtendo a melhor resposta contra a dor.
Há também abordagens cirúrgicas e percutâneas, que são intervenções minimante invasivas feitas sob orientação de raio-x.
Eutanásia é diferente de cuidados paliativos
A prática é confundida por algumas pessoas com cuidados paliativos. A confusão foi feita por alguns senadores durante CPI da Covid-19, em 2021, e criticada por entidades médicas.
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“Ouvi muitos médicos dizendo, confirmando que tiravam da UTI, botavam na enfermaria e faziam a ‘paliatização’. O seu hospital criou uma nova especialidade: ‘paliatistas’", disse Otto Alencar (PSD) na ocasião.
Na verdade, cuidados paliativos são princípios e protocolos focados em prevenir e controlar o sofrimento das pessoas que convivem com doenças crônicas e graves.