Médicos descumprem ordem judicial que autorizava eutanásia de paciente no Peru
Profissionais alegaram motivos religiosos para se recusarem a desligar aparelhos que mantêm idosa viva
Cerca de duas semanas depois da realização da primeira eutanásia no Peru, médicos de um plano de saúde decidiram descumprir uma ordem judicial que autorizava o desligamento dos aparelhos que mantêm uma paciente viva. A recusa, segundo os profissionais, se deu por motivos religiosos.
Maria Teresa Benito tem esclerose lateral amiotrófica, doença que, aos poucos, paralisa todos os músculos do corpo. Aos 66 anos, ela só consegue se alimentar por sonda e respira com ajuda de aparelhos. A advogada da família explica que a paciente está lúcida, mas só se comunica com o movimento dos olhos.
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Na última segunda-feira (29), a Justiça peruana aceitou o pedido e deu quinze dias para o plano de saúde desligar os aparelhos que mantêm Maria Teresa viva. Porém, devido à recusa dos médicos, até agora, nada foi feito.
Em teoria, o caso da paciente não é de eutanásia, porque Maria Teresa não irá receber uma substância que provoque a morte dela. O pedido da família foi de interrupção do tratamento, o que é permitido pela lei peruana - assim como no Brasil.
O assunto virou polêmica após, pela primeira vez na história do Peru, uma pessoa ser de fato submetida à eutanásia. Ana Estrada, 47 anos, morreu ao receber uma injeção letal do médico que havia escolhido. A paciente sofria de poliomiosite, uma doença autoimune que afeta músculos de quase todo o corpo.
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Durante audiência do caso, Ana argumentou que tinha amor à vida e que não partiria naquele momento, mas que queria poder escolher. O procedimento foi autorizado pela justiça. A eutanásia continua sendo proibida no Peru, mas a justiça abriu uma exceção para a paciente.
Já no caso de Maria Teresa, a expectativa é de que a lei seja cumprida, para que ela não seja mais obrigada a seguir vivendo com a ajuda de aparelhos.