Venda de sangue de gatos: entenda esquema que funcionava no interior de SP
Três pessoas foram presas em São Paulo por coletar e vender ilegalmente sangue de gatos; anúncios eram publicados no Facebook

Caroline Vale
com informações do SBT Interior
Três pessoas foram presas em Monte Alto, no interior de São Paulo, por suspeita de envolvimento em um esquema de coleta e venda ilegal de sangue de gatos. O caso veio à tona no último final de semana.
Segundo a Polícia Civil, o grupo realizava o procedimento sem autorização profissional e comercializava o material de forma irregular pela internet.
Um dos animais resgatados contraiu FIV felina, o Vírus da Imunodeficiência Felina equivalente à Aids nos humanos, e o laudo técnico vai apontar se os felinos estão anêmicos ou com outras doenças.
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Como funcionava o esquema?
O caso começou após uma denúncia sobre anúncios publicados em uma página do Facebook. Um dos suspeitos, estudante de medicina veterinária, supostamente oferecia R$ 50 para tutores que levassem seus gatos a uma clínica clandestina, conforme a investigação.
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No local, os animais eram dopados, e o sangue coletado era armazenado em ampolas e vendido a clínicas da região, que depois poderiam utilizar em transfusões de sangue. A Guarda Civil Municipal (GCM) foi acionada após a denúncia anônima.
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Operação que prendeu envolvidos
Durante a operação, a Guarda Civil Municipal (GCM) e a Polícia Científica foram até o local das coletas, onde encontraram seis gatos desacordados no chão e diversas ampolas com sangue.
Além do estudante, duas mulheres que auxiliavam na coleta foram presas em flagrante no último sábado (4). Os três foram autuados por maus-tratos e exercício ilegal da profissão. No entanto, apenas o homem foi mantido preso após audiência de custódia.
O delegado Marcelo Lourenço, responsável pelo caso, destacou que a prática infringe normas do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que proíbem a coleta de material biológico sem supervisão adequada. Além disso, as coletas ocorriam em condições insalubres, segundo as autoridades.

Segundo ele, a conduta se enquadra como crime de maus-tratos, conforme o artigo 5º da Resolução nº 1.236/2018 do CFMV, que define como crueldade a utilização de animais em procedimentos invasivos sem respaldo técnico e legal.
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Linhas de investigação
Ainda segundo o delegado, celulares também foram apreendidos e a investigação segue para identificar todas as pessoas que recebiam o sangue coletado fora dos padrões legais.
"Agora vamos trabalhar para identificar todos que participavam dessa rede criminosa", afirmou.
Em nota, a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente da cidade informou que, ao todo, três gatos foram resgatados. Uma fêmea foi diagnosticada com FIV, enquanto os outros dois passarão por exames. Além disso, mais três felinos estão sendo procurados para testes. A Aids dos felinos pode ser transmitida para outros animais.