Polícia prende 32 pessoas em maior operação contra tráfico de animais silvestres no Brasil
Investigação revelou uma organização criminosa armada e estruturada, com núcleos de caça, falsificação e venda ilegal
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Mais de mil policiais civis deflagraram a “Operação São Francisco”, coordenada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), em combate ao tráfico de animais silvestres. Essa é a maior operação da história do Brasil e é resultado de um ano de investigações que revelaram a maior organização criminosa do estado do Rio de Janeiro e suas conexões com células ativas em outros estados.
Pelo menos 32 pessoas foram presas e mais de 600 animais apreendidos durante a megaoperação. As equipes cumprem 270 de busca e apreensão na capital, Região Metropolitana, Baixada Fluminense, Região Serrana, Região dos Lagos e também em São Paulo (SP) e em Minas Gerais (MG).
Ao todo, 145 autores foram identificados. O grupo vinha explorando há décadas o tráfico de animais silvestres no estado, sendo o principal responsável por fornecer os espécimes vendidos em feiras clandestinas.
Os animais estão sendo encaminhados para uma base montada na Cidade da Polícia. Lá, receberão atendimento médico veterinário por profissionais voluntários e serão avaliados por peritos criminais. Dois animais morreram.
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Alvos da operação
Entre os alvos da operação está o deputado estadual TH Joias, preso no último dia 3 de setembro, acusado de manter relações diretas com traficantes de fauna.
Segundo a Polícia Civil, em pelo menos quatro ocasiões ele negociou e adquiriu primatas brasileiros, além de ter apresentado novos compradores ao esquema.
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A operação é coordenada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), com apoio do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaema/MPRJ), Tribunal de Justiça (TJ-RJ), Ibama, Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e outras instituições.
Como atuava a organização criminosa?
O grupo atuava de forma armada e estruturalmente organizada, por meio de diversos núcleos com funções específicas, incluindo o de caçadores. Esses autores eram os responsáveis pela caça em larga escala de animais silvestres em seus habitats naturais.
Após serem sequestrados da natureza, os animais eram transportados de forma cruel pelo núcleo de atravessadores. Eles tinham a função de entregar os espécimes nos centros urbanos para a comercialização.
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Havia ainda um núcleo especializado em primatas, que caçava, dopava e vendia macacos para outros integrantes do grupo. Muitos deles eram retirados das matas fluminenses, como o Parque Nacional da Tijuca e o Horto.
Outros núcleos identificados eram o de falsificadores, que vendia anilhas, selos públicos, chips e documentos falsos, que eram usados para mascarar a origem ilícita dos animais; e o de armas, responsável pelo fornecimento de armamento e munições para a organização. Além disso, os investigadores qualificaram diversos consumidores finais, que adquiriram animais silvestres de forma ilegal, fomentando toda a cadeia criminosa.
O inquérito aponta ainda que os traficantes de animais se utilizam de relações próximas com as facções criminosas, garantindo assim a venda em feiras clandestinas realizadas em áreas exploradas pelo tráfico de drogas.