Justiça Federal mantém prisão do deputado “TH Joias” e outros 14 por ligação com facção criminosa
O parlamentar foi preso no dia 3 de agosto em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro

Antonio Souza
O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) decidiu, nesta segunda-feira (8), manter a prisão preventiva do deputado estadual do Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB-RJ), conhecido como "TH Joias", e outros 14 investigados. O parlamentar foi preso na última quarta-feira (3), em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
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As investigações apontam que TH Joias seria um dos operadores políticos da facção criminosa Comando Vermelho (CV), com forte ligação com o tráfico internacional de armas de fogo. A Polícia Federal (PF) afirma que ele e seu assessor parlamentar, Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o “Dudu”, atuavam em conjunto: enquanto o deputado exercia influência política, o assessor seria responsável pela logística da facção.
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A análise de dados telemáticos obtidos pela Polícia Federal revelou indícios de que o grupo mantinha um esquema criminoso que incluía lavagem de dinheiro, corrupção em órgãos públicos e tentativas de influenciar nomeações na Polícia Militar, além da movimentação de valores expressivos em reais e dólares, muitas vezes convertidos em imóveis e veículos de luxo.
Segundo a decisão, o relator destacou que o esquema criminoso “subverte o ordenamento social” e “afronta o sistema de persecução penal vigente”, ou seja, desorganiza a vida em sociedade e dificulta o trabalho da justiça e da polícia.
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Ainda de acordo com a decisão, a presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) deverá ser comunicada oficialmente sobre a medida cautelar decretada contra o deputado, para que os parlamentares decidam se ele permanece ou não afastado do mandato.
Na última quarta-feira (3), o MDB expulsou TH Joias de seus quadros.
"Diante das notícias de que o deputado suplente TH Joias está sendo procurado pela polícia, com mandado de prisão por suspeita de tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de negociar armas para o Comando Vermelho (CV), o MDB decidiu expulsar o parlamentar. TH, que já não seguia a orientação partidária em seus posicionamentos e votações na Assembleia Legislativa do Rio, não fará mais parte dos nossos quadros, diz o MDB em nota.
O SBT News tenta contato com a defesa do deputado e dos demais citados. O espaço segue aberto.
Prisão
TH é investigado concomitantemente pela Polícia Federal, Ministério Público Estadual e Polícia Civil do Rio de Janeiro. No dia 3 de agosto, os órgãos se juntaram para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão contra o parlamentar e outros alvos ligados a ele.
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Ao todo, foram cumpridos 18 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal e Estadual. Ao todo, 14 suspeitos foram detidos.
O Tribunal Regional Federal da 2ª Região também determinou o sequestro de bens e valores dos investigados, totalizando R$ 40 milhões, além do afastamento de agentes públicos, suspensão de atividades de empresas utilizadas para lavagem de dinheiro e transferência emergencial de lideranças da facção para presídios federais de segurança máxima.
Além do deputado, foram presos:
- Luiz Eduardo Cunha, assessor de TH;
- Gabriel Dias de Oliveira, conhecido como 'Índio do Lixão', traficante de Duque de Caxias.
Também estão entre os alvos: Luciano Martiniano da Silva (Pezão), Edgar Alves de Andrade (Doca), Manoel Cinquine Pereira (Paulista), além da própria esposa de "Índio do Lixão", também lotada em cargo parlamentar por indicação do deputado.
Primeira investigação
Em 2017, TH Joias também foi preso por supostas relações com o crime organizado. Ele ficou detido por 10 meses, por suspeita de tráfico de drogas e armas, pagamento de propina a policiais e fornecimento de informações privilegiadas a traficantes. Ele também foi apontado por lavagem de dinheiro para três facções diferentes: Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP) e Amigo dos Amigos (ADA).
TH foi condenado a 14 anos de prisão em 2022, mas conseguiu o direito de apelar da sentença em liberdade.
Quem é TH Joias

Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, é um empresário de 36 anos que ficou famoso por fornecer joias de ouro e diamantes para celebridades, como MC Poze, Neymar, Vinicius Jr., Ludmilla e Deolane Bezerra.
Investigado por supostas relações com o crime organizado, ele ficou preso por 10 meses, entre 2017 e 2018, por suspeita de tráfico de drogas e armas, pagamento de propina a policiais e fornecimento de informações privilegiadas a traficantes.
Ele também é apontado por lavagem de dinheiro para três facções diferentes: Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP) e Amigo dos Amigos (ADA). Em 2022, foi condenado a 14 anos de prisão.
A entrada na política ocorreu no mesmo ano, quando recebeu 15.105 votos e, inicialmente, ficou como suplente do deputado Otoni de Paula Pai na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Em 2024, com a morte do parlamentar, TH conquistou a vaga de deputado estadual. Ele tomou posse após conseguir o direito de apelar da sentença em liberdade.
Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2022, ele não declarou bens.
