Unesp expulsa 4 alunos por participação em trote violento
Vítima precisou ser internada na UTI após ter sido obrigada a fazer flexões e ingerir bebidas alcóolicas
Camila Stucaluc
A Faculdade de Engenharia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Guaratinguetá, interior de São Paulo, expulsou quatro alunos que participaram de um trote violento contra uma universitária de 21 anos. A estudante chegou a entrar em coma e precisou ficar internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
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Segundo a universidade, o trote aconteceu no dia 4 de julho de 2023. Na data, a vítima, foi obrigada a cumprir atividades impostas pelos veteranos do curso. Entre as tarefas estava fazer uma série de flexões e, quando não conseguia, a estudante era obrigada a consumir bebidas alcoólicas, que estavam misturadas com vinagre, café, mostarda e pimenta.
Após o trote, a jovem, identificada como Fernanda Pereira Gimenez, passou mal e foi levada de ambulância a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Guaratinguetá. No mesmo dia, a estudante foi encaminhada à Santa Casa da cidade, onde foi transferida para a UTI.
A expulsão dos quatro alunos foi publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo no fim do ano passado, em 19 de dezembro. Outros quatro alunos foram suspensos por 120 dias e um nono estudante investigado recebeu suspensão de 45 dias. Todos foram denunciados pela vítima, que decidiu deixar a Unesp depois de se recuperar do episódio.
“Este processo, em particular, se deteve em duas repúblicas: uma em que o trote teve início e a outra onde teve seu gravíssimo desfecho. Oportunamente, quatro comissões adicionais serão instituídas para apurar o ocorrido nas demais repúblicas citadas na denúncia registrada na Ouvidoria Local”, explicou a Unesp.
A universidade afirmou ainda que serão criadas campanhas permanentes de conscientização e combate ao trote e para que seja criado um memorial de vítimas do trote, ações que devem ficar à cargo da Comissão Local de Direitos Humanos. Um inquérito também foi aberto pela Polícia Civil para apurar o caso.
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Em nota, o Centro Acadêmico de Engenharia Civil da Unesp repudiou a cultura do trote e expressou solidariedade à vítima. "Repudiamos veemente esta cultura que foi e é propagada no nosso meio estudantil seja verbalmente, fisicamente ou por qualquer comportamento que incentive ou reproduza estruturas opressivas, além de situações que possam parecer inofensivas”, disse.