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Brasil

Uma mulher é vítima de feminicídio a cada 17 horas no Brasil, aponta relatório

Boletim da Rede de Observatórios da Segurança revela aumento de 12,4% na violência contra mulheres em 2024; estado de São Paulo lidera os casos

Imagem da noticia Uma mulher é vítima de feminicídio a cada 17 horas no Brasil, aponta relatório
Pesquisa revela aumento de 12,4% na violência contra mulheres em 2024 | Distribuição/Marcos Santos/USP
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No Brasil, uma mulher é vítima de feminicídio a cada 17 horas. É o que revela o boletim Elas Vivem: Um Caminho de Luta, divulgado nesta quinta-feira (13) pela Rede de Observatórios da Segurança, um retrato alarmante da violência de gênero no Brasil. O levantamento aponta ainda que, em 2024, foram registrados 531 casos desse crime nos nove estados observados pela pesquisa.

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A Rede de Observatórios da Segurança monitorou as seguintes unidades da federação: Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. O Amazonas foi incluído no monitoramento apenas em 2024, enquanto os demais estados já faziam parte da Rede de Observatórios da Segurança em anos anteriores.

Segundo o estudo, a cada 24 horas, ao menos 13 mulheres foram vítimas de violência em 2024 nos estados analisados. No total, 4.181 mulheres foram vitimadas, o que representa um aumento de 12,4% em relação a 2023, quando o Amazonas ainda não fazia parte do monitoramento. O estado de São Paulo lidera o ranking de ocorrências, com 1.177 registros, seguido pelo Rio de Janeiro (633) e pelo Amazonas (604). Maranhão e Pará tiveram os maiores crescimentos percentuais, com 87,2% e 73,2%, respectivamente.

Os números por estado

São Paulo

  • Maior número de casos de violência contra mulheres: 1.177 registros
  • 374 mortes de mulheres por feminicídio e homicídio
  • 53 feminicídios cometidos com objetos cortantes
  • 378 vítimas tinham entre 18 e 39 anos

Rio de Janeiro

  • 633 registros de violência contra mulheres
  • 103 casos de violência sexual
  • 50,8% dos feminicídios foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros
  • 33 das 63 vítimas de feminicídio não tiveram raça/cor identificada
  • 20,3% dos casos de violência foram cometidos por agentes agentes da segurança pública

Amazonas

  • 604 registros de violência contra mulheres
  • 33 feminicídios
  • 84,2% das vítimas de violência sexual tinham entre 0 e 17 anos
  • 97,5% dos casos não tiveram identificação de raça/cor

Maranhão

  • Maior crescimento percentual de violência: 87,2%
  • 54 feminicídios no estado
  • 85,2% dos crimes cometidos por parceiros ou ex-parceiros
  • 61 casos de violência sexual
  • 93,7% dos casos sem identificação de raça/cor

Pará

  • 388 registros de violência contra mulheres
  • Aumento de 73,2% em relação a 2023
  • 69 homicídios de mulheres
  • 41 feminicídios, sendo 26 cometidos por parceiros ou ex-parceiros
  • 21 feminicídios praticados com objetos cortantes

Ceará

  • 80 casos de homicídio e tentativa de homicídio
  • 45 feminicídios, sendo 21 vítimas entre 18 e 39 anos
  • 51,9% dos casos sem motivação identificada
  • O ano de 2024 foi o período mais violento dos últimos sete anos

Pernambuco

  • 312 registros de violência contra mulheres
  • 35 dos 69 feminicídios cometidos por parceiros ou ex-parceiros
  • 129 eventos de violência com presença de arma de fogo
  • 31 vítimas de feminicídio tinham entre 18 e 39 anos
  • Pernambuco foi o segundo estado com mais mortes de mulheres no levantamento

Piauí

  • Aumento de 17,8% nas violências contra mulheres
  • 64 mortes de mulheres (feminicídio, transfeminicídio e homicídio)
  • 52,7% dos feminicídios sem informação de motivação
  • 42,6% dos eventos violentos ocorreram em Teresina

Bahia

  • 257 registros de violência contra mulheres
  • 46 vítimas de feminicídio
  • 68 eventos de violência em Salvador
  • 73,9% das vítimas não tiveram raça/cor identificada

Os dados mostram que a violência contra a mulher continua enraizada na sociedade e, muitas vezes, ocorre dentro da própria casa. Em 75,3% dos casos, os crimes foram cometidos por familiares da vítima. Quando considerados apenas cônjuges, ex-cônjuges, namorados e ex-namorados, esse número chega a 70%. A pesquisa também revelou um crescimento expressivo nos crimes de violência sexual e estupro, que aumentaram 70,5% em um ano.

A falta de proteção efetiva para as mulheres também é um dos pontos destacados pelo estudo. O relatório aponta que, apesar de avanços na legislação, as medidas de prevenção e combate ainda são falhas. Em muitos casos, as vítimas sofrem agressões mesmo após terem solicitado medidas protetivas. Além disso, a subnotificação e a dificuldade de acesso a serviços especializados dificultam a identificação do real impacto da violência de gênero no país.

Os pesquisadores alertam que os números revelam não apenas uma escalada da violência, mas também a ineficácia das políticas públicas em garantir a segurança das mulheres.

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