Relatório da Anistia Internacional detalha violência de gênero no Brasil: "Alarmante”
A impunidade de assassinatos também ganhou destaque no documento, divulgado nesta quarta-feira (24)
Além das operações policiais, o relatório global da Anistia Internacional, divulgado nesta quarta-feira (24), destaca a violência de gênero e a impunidade no país. O documento, atualizado anualmente, tem 183 páginas e dedicou mais de quatro delas para expor a situação dos direitos humanos no Brasil.
"A extensão da violência baseada em gênero continuou alarmante", ressalta o relatório global. "Até outubro, foram registradas 86.593 denúncias de violência contra a mulher".
Ainda de acordo com a publicação, nos primeiros seis meses de 2023, 599 mulheres foram assinadas no Brasil.
Transfobia
A Anistia Internacional destaca também que, pelo 14º ano consecutivo, as pessoas transgênero continuaram a enfrentar violência extrema e violações dos direitos humanos.
"Mais pessoas transgênero foram mortas no Brasil do que em qualquer outro lugar do mundo", alerta a publicação.
De janeiro a outubro de 2023, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos registrou 3.873 violações dos direitos de pessoas transgênero, como violência física, discriminação e racismo.
Em relação ao ano anterior, o aumento foi de 17%, quando foram registrados 3.309 casos de transfobia.
Impunidade
O assassinato do ativista Pedro Henrique Cruz também ganhou destaque no relatório devido à impunidade do caso. O jovem foi morto a tiros por três policiais militares em 2018, na Bahia. Até o momento, nenhuma medida foi tomada e os agentes continuam na ativa.
O assassinato do pequeno Eduardo de Jesus, de 10 anos, enquanto brincava na rua de casa, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, também ganhou destaque no relatório globo.
Em 2025, o caso completa 10 anos e, até o momento, os policiais militares acusados de atirar e matar a criança ainda não foram punidos. A investigação do caso foi reaberta pelo Ministério Público em setembro do ano passado.