Anistia Internacional cita violência de operações policiais no Brasil
Documento global destaca que denúncias de violações de direitos humanos aumentaram 41% no país em relação ao ano anterior
Dedicada à defesa dos direitos humanos, a Anistia Internacional divulgou nesta quarta-feira (24) um relatório sobre a situação dos direitos fundamentais em 156 países. Entre eles, o Brasil foi destacado o uso "excessivo" e "desnecessário" da força.
Com dados relacionados a 2023, o documento, de 183 páginas, também revela o registro de mais de 3,4 milhões de denúncias de violações de direitos humanos no Brasil.
Vale destacar que os casos de racismo, violência física, violência psicológica e assédio sexual foram os mais registradas no ano passado.
Segundo a publicação, o número representa um aumento de 41% em comparação com todo o ano de 2022, quando foram registradas pouco mais de 295 mil denúncias e 1,5 milhão de violações de direitos humanos.
Em "O Estado dos Direitos Humanos no Mundo", a organização não governamental (ONG) também aponta que, no Brasil, faltam medidas para reduzir a violência policial.
O documento cita ainda que entre os meses de julho e setembro de 2023, foram mortas 394 pessoas em operações policiais nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.
Rio de Janeiro
A publicação cita que, no Rio, mais de 120.000 moradores do Complexo de Favelas da Maré, na zona norte, foram prejudicados por seis dias de operações policiais em outubro.
Durante o período, mais de 17.000 estudantes não tiveram acesso à escola e mais de 3.000 consultas médicas foram suspensas.
São Paulo
Em São Paulo, a Anistia Internacional cita a Operação Escudo, realizada na região da Baixada Santista, em resposta à morte do policial militar Patrick Bastos Reis.
A operação, que foi iniciada no dia 28 de julho de 2023, foi encerrada em setembro com um saldo de 958 prisões e 30 mortes.
Bahia
Em relação a Bahia, o documento expõe o desaparecimento do jovem, de 16 anos, Davi Fiuza. O menino sumiu durante uma operação policial na cidade de Salvador.
Para a diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, a situação do uso da força policial no país é de descontrole.
"Começa com o órgão constitucionalmente responsável por controlar a atividade policial, o Ministério Público, sendo omisso e inoperante diante de graves violações de direitos humanos cometidos por agentes do Estado e termina com casos de letalidade policial que não são levados à justiça", destaca.
Jurema Werneck conclui que o recado passado pelo Estado é de que a polícia tem "carta branca para matar" e cometer outras violações, principalmente contra "comunidades negras e periféricas".