Radar próximo a local de acidente com Porsche não estava funcionando
Equipamento poderia ter flagrado velocidade de carro de R$ 1,2 milhão dirigido por empresário; motorista do outro veículo morreu após batida
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo confirmou, nesta segunda-feira (8), que o radar fixo instalado na Avenida Salim Farah Maluf, na zona leste, próximo ao local onde o dono de um Porsche de R$ 1,2 milhão bateu na traseira de um outro carro, matando o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, não estava funcionando.
Segundo o sistema de fiscalização eletrônica do trânsito da companhia, o equipamento que poderia ter registrado a velocidade do Porsche 911 Carrera conduzido por Fernando Sastre de Andrade Filho foi desligado em 21 de março, 10 dias antes do acidente. O radar fica a cerca de 500 metros do local da colisão.
Além da Avenida Salim Farah Maluf, que conta com dois radares desligados, diversas vias da cidade também estão sem fiscalização por causa de uma atualização realizada pela prefeitura.
Em nota, a CET informou que "os equipamentos da via estão passando por atualização tecnológica, em atendimento à Resolução 798 do CONTRAN". A previsão é de que os radares voltem a funcionar até o final de abril.
De acordo com o sistema online da CET, estão sendo adequados ou foram desativados 373 radares desde março de 2023.
Namorada deve depor à polícia
A Polícia Civil de São Paulo informou que vai ouvir, nesta semana, a namorada do dono do Porsche. Os investigadores querem entender o motivo de a mulher não ter embarcado no carro com Fernando depois de uma aparente discussão em uma casa de poker.
O delegado responsável pelo caso pediu as imagens das câmeras corporais dos policiais militares que atenderam à ocorrência.
O acidente fatal
O motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, dirigia um Renault Sandero branco pela Avenida Salim Farah Maluf, por volta das 02h30 de domingo (31), quando foi atingido na traseira pelo Porsche 911 Carrera, conduzido por Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos.
Ornaldo foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital Municipal do Tatuapé, onde deu entrada com quadro de parada cardiorrespiratória. Segundo os médicos que o atenderam, ele morreu "devido a traumatismos múltiplos não especificados".
A mãe de Fernando chegou ao local do acidente afirmando aos PMs que levaria o filho ao Hospital São Luiz Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, por causa de um ferimento leve na região da boca. Quando os policiais foram até o hospital, para realizar o teste do bafômetro e ouvir a versão dele do que tinha acontecido, foram informados por funcionários de que ele não deu entrada em nenhum dos hospitais da Rede São Luiz.
Fernando foi até a delegacia, acompanhado de advogados, na segunda-feira (1º), quase 40 horas após o acidente. Ele foi ouvido e indiciado por homicídio doloso, mas liberado.
O dono do Porsche negou que tenha bebido ou usado drogas. Disse que estava numa casa de pôquer mas não tomou nenhum gole de álcool. A polícia vai pedir a quebra do sigilo bancário dele pra saber todos os gastos daquela noite.
Segundo depoimento de uma amiga que estava com Fernando na noite do acidente, o empresário ingeriu drinks durante um jantar e discutiu com a namorada porque ela não queria que ele dirigisse por estar "um pouco alterado", logo após saírem da casa de pôquer que funciona no sistema de "open bar" — ou seja, o cliente paga uma taxa fixa de consumação e tem direito a beber o que quiser.
A Polícia Civil pediu a prisão temporária de Fernando, mas a Justiça negou. No sábado (6), o Ministério Público de São Paulo emitiu parecer favorável para o pedido de prisão do empresário.
Além disso, a promotoria pediu a apreensão de seu passaporte e solicitou ao juiz que estipule uma fiança de R$ 500 mil para o caso, devido à alta capacidade financeira do investigado.