Programa no RS permite guarda legal de animais silvestres resgatados
Iniciativa busca lares para animais vítimas de tráfico ou acidentes que não podem voltar à natureza
SBT Brasil
Um programa no Rio Grande do Sul permite a guarda legal de animais silvestres resgatados do tráfico ou vítimas de acidentes, mas que não têm condições de sobreviver sozinhos na natureza.
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Depois de anos acorrentadas em um cativeiro de reprodução, Beatriz e Betina, duas macaquinhas da espécie prego, começaram a recuperar o olhar tranquilo. Há três meses, elas fazem parte da vida de Natália, moradora de Canoas.
“Elas chegaram no primeiro dia bem tristinhas, a primeira semana e daqui a pouco elas foram sabe desabrochando e ficando felizes. [...] Eu pequenininha assim, sonhava em ter, ajudar girafas, elefantes, mas sem entender muito daquilo. Então com o tempo eu já faço isso com cães e gatos, já venho ajudando. Então para mim, é como uma realização de um sonho mesmo. ”, conta a empresária Natália Andreghetto.
Natália foi a primeira gaúcha a se tornar uma Guardiã da Fauna — título dado a quem participa do programa recém-lançado pelo governo estadual. A iniciativa busca lares acolhedores para animais silvestres resgatados que não conseguem voltar ao ambiente natural.
“Tem alguns animais que são de apreensão ou que são atropelados por uma série de causas que eles não conseguem fazer o retorno para a natureza. [...] Então, dentro dos centros de reabilitação, dos nossos Cetas, dos nossos Cras, a gente tem alguns animais que a gente sabe que a vida dele vai estar ali. Na verdade, não é uma melhor ou pior qualidade de vida, mas sim dentro de uma condição de que ele pode estar com o estado, ele continua sendo do estado quando ele vai para o Guardião da Fauna, ele só está na guarda de uma outra pessoa dentro daquelas situações em termos de licenciamento, em termos de autorização que está posto”, explica Cátia Gonçalves, diretora de biodiversidade da Sema/RS.
O projeto também ajuda a desafogar espaços como a Faculdade de Veterinária da UFRGS, em Porto Alegre.
“É bem comum ao longo da nossa existência os animais eventualmente ficarem aqui muito tempo aguardando uma destinação, porque os locais que costumam receber, zoológicos, mantenedores de fauna, não tem capacidade de receber pela superpopulação dos animais nesses espaços.”, afirma o veterinário e professor Marcelo Alieve.
Atualmente, 150 animais silvestres, como macacos, papagaios e tartarugas, estão disponíveis no programa. Para se tornar um guardião, é preciso morar no Rio Grande do Sul, não ter histórico de infrações ambientais e receber uma visita técnica para avaliar se o espaço é adequado ao bem-estar do animal.
Cada guardião pode acolher até cinco animais. No caso de aves, o limite aumenta para dez. A comercialização, reprodução e exposição são proibidas. Regras que buscam garantir que cada história de sofrimento termine com um novo capítulo: um lar com cuidado e liberdade.
“Eu sou muito feliz sabendo que eu proporciono uma vida melhor pra eles, na verdade. E isso é o que me motiva, o que me movimenta, né? O que faz eu trabalhar”, finaliza Natália.