PF indicia Carla Zambelli e hacker Walter Delgatti por invasão a site do CNJ
Entre os documentos falsos supostamente criados pela dupla está a criação de uma ordem de prisão contra o ministro do STF Alexandre de Moraes
Samir Mello
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto foram indiciados nesta quinta-feira (29/2) pela Polícia Federal (PF) após conclusão de inquérito sobre a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Zambelli e Delgatti Neto são suspeitos de terem cometido os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
Em nota divulgada pela defesa de Carla Zambelli, a deputada afirma que “jamais fez qualquer tipo de pedido para que Walter Delgatti procedesse invasões à (SIC) sistemas ou praticasse qualquer ilicitude”. A nota também afirma que os documentos eventualmente recebidos pela deputada não evidenciam “adesão ou qualquer tipo de colaboração, ainda mais que ficou demonstrado que não houve qualquer encaminhamento à (SIC) terceiros, bem como ficou igualmente comprovado que incorreram repasses de valores como aleivosamente sugestionado (..).
Entre os supostos atos cometidos pela dupla estão a criação de uma falsa ordem de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), imitando a assinatura do magistrado, além de recibos de bloqueios de bens do ministro.
Após a conclusão do inquérito, a Procuradoria-Geral da República (PGR) analisará o relatório da PF para decidir se denuncia ou não Carla Zambelli ao STF. Em caso positivo, a eventual denúncia, recebida pelo Judiciário, marcaria o início de ação penal, o que pode levar à condenação ou absolvição.
Alexandre de Moraes é o relator da investigação no STF.
O relatório
De acordo com o relatório da PF, Delgatti teria sido “instigado pela parlamentar para acessar o sistema do CNJ, com o intuito de causar prejuízo à imagem do Judiciário e de um ministro do STF [...]”, “tanto que [Zambelli] recebeu os documentos comprovando as invasões ao sistema e as inserções de documentos falsos”.
“A conduta da mesma é incomparável com a atividade parlamentar, pois colocou em risco um Poder da República, o Judiciário, assim como a imagem do Poder Legislativo”, concluiu o relatório.
Delgatti está preso desde agosto pela investigação do hackeamento. Já Zambelli, em depoimento à PF, além de reforçar que não cometeu qualquer conduta ilícita, afirmou que contratou Delgatti para que ele cuidasse de seu site e suas redes sociais, mas jamais pediu que ele cometesse crimes.