Norte recebe menos de 10% do orçamento federal para pesquisa em biodiversidade
Museu Emílio Goeldi, em Belém, no Pará, afirma que recursos disponibilizados não cobrem despesas de infraestrutura da instituição
Um estudo, realizado em parceria entre doze instituições nacionais e internacionais, mostra qu que a região Norte do Brasil recebe menos de 10% do orçamento federal disponibilizado para projetos de pesquisa em biodiversidade. O Sul e Sudeste, por outro lado, concentram juntas metade deste destes recursos.
Para o pesquisador do Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (UFPA), André Farias, o montante destinado às pesquisas na região é insuficiente para o desenvolvimento dos trabalhos, devido às particularidades do território amazônico. "As instituições na Amazônia têm uma necessidade de um aporte maior, porque, como o estudo aponta, o nosso território é muito amplo para cobrir. Então, para você fazer uma pesquisa nas ilhas, no interior, nas terras indígenas, por exemplo, envolve uma alocação maior de recursos".
O Museu Emílio Goeldi, em Belém, no Pará, conta com R$ 16 milhões em caixa este ano - valor que, segundo a diretoria do instituto, não cobre nem as despesas de infraestrutura.
Ao longo dos últimos anos, as pesquisas realizadas no Museu Emílio Goeldi resultaram na descoberta de quase 800 espécies da fauna, flora e fungos da Amazônia. Além disso, o instituto faz trabalhos sociais, culturais e de conservação da natureza. Com o orçamento disponível, a instituição alega que a produção ficará prejudicada.
A situação preocupa ainda mais porque, em 2025, a região Norte será sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, a COP30. "No final das contas, fala-se muito sobre Amazônia. A Amazônia está no 'boom', na pauta política. Mas, a prática tem sido diferente. É preciso levar a Amazônia a sério", pondera o diretor do Museu Emílio Goeldi, Nilson Gabas Júnior.