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Mulheres negras são ainda mais afetadas pela desigualdade, mostra estudo do IBGE

Pretas e pardas dedicam mais tempo às tarefas domésticas, têm menos participação no mercado de trabalho e são a minoria em cargos políticos

Mulheres negras são ainda mais afetadas pela desigualdade, mostra estudo do IBGE
Mulheres negras sofrem mais com a desigualdade de gênero | Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Em um Brasil já muito desigual para as mulheres, as pretas ou pardas são ainda mais afetadas pelas desigualdades. As mulheres negras brasileiras dedicam mais tempo às tarefas domésticas e ao trabalho de cuidado, têm menos participação no mercado de trabalho e são a minoria entre juízes e políticos.

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A conclusão faz parte do estudo Estatísticas do gênero, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (8), no Dia Internacional da Mulher.

Em 2022, as mulheres negras dedicaram 22 horas semanais ao cuidado de pessoas ou nos afazeres domésticos, enquanto as mulheres brancas gastaram 20,4 horas – uma diferença de 1,6 hora semanais. O levantamento do IBGE também mostra que a distância entre as mulheres aumentou desde 2016. Naquele ano, início da série histórica, a diferença era de 0,7 hora. Isso significa que, enquanto mulheres brancas conseguiram se emancipar do trabalho de cuidado, as mulheres negras estão cada vez mais atarefadas.

Entre os homens, negros ou brancos, as tarefas consumiram 11,7 horas semanais. A diferença média entre os gêneros é de 9,6 horas. Esse dado acaba se relacionando com a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho, que foi de 53,3%, enquanto a dos homens era de 73,2% – o que representa uma diferença de 19,9 pontos percentuais (p.p.)

"Há uma relação dessa diferença com o fato de as mulheres se dedicarem mais às tarefas de cuidados e afazeres domésticos. Isso impede que elas participem mais do mercado de trabalho", explica André Simões, analista do estudo.

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Mercado de trabalho

As mulheres pretas ou pardas estão ainda menos inseridas no mercado de trabalho. Isso acontece porque elas são "as que mais estão dedicando horas a cuidados e afazeres domésticos e, por outros indicadores, vemos que são as que têm piores formas de inserção em termos de remuneração e qualidade de postos de trabalho", diz Barbara Cobo, coordenadora-geral do estudo.

A taxa de informalidade das mulheres é de 39,6%, enquanto a dos homens é de 37,3%. A diferença entre mulheres pretas ou pardas (45,4%) e homens brancos (30,7%) neste tipo de ocupação que oferece menos acesso aos direitos trabalhistas, chega a quase 15 pontos percentuais.

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Representatividade política

O Brasil está na 133ª posição de um ranking de 186 países que garantem a igualdade no acesso às estruturas de poder, segundo o IBGE. Acima dele, estão outros países latino-americanos como México, Bolívia e Argentina. Se a representatividade feminina na política já é rara, quando se fala em parlamentares negras os números são ainda menores.

Em 2022, 29 mulheres pretas ou pardas foram eleitas para a Câmara dos Deputados, o correspondente a 31,8% das mulheres eleitas. Quando comparado com o número total de parlamentares na Casa Legislativa, o percentual é ínfimo: são 5,6% dos 513 deputados federais.

No Senado, o cenário é ainda mais desolador. Das 15 parlamentares em atividade – de um total de 81 senadores – apenas uma é negra: Eliziane Gama (PSD-MA).

Nas altas cortes do Judiciário brasileiro, a representação de mulheres negras também é quase inexistente. A única mulher entre 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, é branca. Dos 31 ministros em atividade no Superior Tribunal de Justiça (STJ), cinco são mulheres, mas nenhuma é negra.

Com a indicação de Vera Lúcia Santana Araújo para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em dezembro de 2023, a Corte eleitoral agora tem duas ministras substitutas negras. Meses antes, Edilene Lôbo havia sido nomeada a primeira ministra negra da história do TSE. Entre os efetivos, há duas mulheres – que são brancas.

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