Tecnologia

Pesquisa com executivos aponta o que as empresas querem da inteligência artificial em 2026

Líderes preveem mudanças relevantes em investimentos, enquanto conselhos pressionam por inovação mais rápida

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Executivos apontam o que as empresas querem da IA | Pexels

Executivos de grandes empresas ao redor do mundo estão revendo suas estratégias de tecnologia diante da pressão por inovação acelerada, maior eficiência operacional e resultados financeiros mensuráveis. É o que aponta a pesquisa global “Imperativos do C-suite: Acelerando a Inovação em um Cenário em Transformação”, divulgada pela Rimini Street, provedora de suporte e serviços para software empresarial, em parceria com a Censuswide, empresa de pesquisa de mercado.

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O levantamento ouviu quase 4.300 CFOs (diretores financeiros), CIOs (diretores de tecnologia), CEOs (presidentes executivos) e CISOs (diretores de segurança da informação) em diferentes regiões do mundo. O estudo analisa como pressões econômicas, riscos cibernéticos e restrições impostas por fornecedores de software estão moldando decisões estratégicas no mais alto nível das empresas.

Segundo a pesquisa, embora 97% dos executivos afirmem que seus sistemas atuais de ERP (software de gestão empresarial) atendem em grande parte às necessidades do negócio, cerca de 23% do tempo da força de trabalho ainda é consumido pela manutenção dessas plataformas, reduzindo espaço para iniciativas de inovação. O cenário se agrava com orçamentos mais apertados, déficit de talentos em TI e frustração crescente com roadmaps definidos pelos próprios fabricantes de software.

Entre os principais achados, 44% dos executivos apontam IA (inteligência artificial) e automação como capacidades essenciais tanto para o curto quanto para o longo prazo. Além disso, 36% dos líderes C-level dizem que lacunas de competências limitam oportunidades de crescimento, enquanto 23% relatam atrasos em projetos causados pela falta de profissionais qualificados. Já 69% afirmam esperar mudanças significativas em seus investimentos em ERP nos próximos anos.

IA, automação e retorno financeiro no centro das decisões

A pesquisa indica que a automação e a IA se consolidaram como prioridade estratégica para os próximos cinco anos. Entre os CIOs, 46% consideram essas tecnologias o principal imperativo, percentual semelhante ao observado entre CEOs (43%). Embora cibersegurança, compliance (conformidade regulatória) e controle de custos ainda dominem o curto prazo, cresce o foco em criar bases mais robustas para operações inteligentes e orientadas por dados.

Mais de um terço dos executivos (35%) afirma que pretende transformar suas empresas em organizações data-driven, orientadas por dados, nesse horizonte. A avaliação é que a redução de gastos com atualizações caras de ERPs considerados “ainda funcionais” pode abrir espaço para investimentos em inovação com maior impacto, como automação avançada e agentes de IA — sistemas capazes de tomar decisões de forma mais autônoma.

O rigor sobre o retorno financeiro também aumentou. Os executivos esperam, em média, um ROI (retorno sobre investimento) de 27% nos primeiros dois anos, chegando a 37% em cinco anos e a 48% após seis anos. Quase 70% dos líderes C-level afirmam não enxergar o ERP tradicional como modelo dominante no futuro, e 33% acreditam que o chamado Agentic ERP, orientado por IA e decisões autônomas, tende a ganhar espaço.

Para Michael Perica, CFO da Rimini Street, o cenário reforça uma postura mais disciplinada. “As organizações querem ciclos de retorno mais rápidos e previsibilidade de custos. Um roadmap de software orientado pelo negócio, e não pelo fabricante, permite redirecionar recursos de atividades de baixo ROI para iniciativas como agentes de IA”, afirmou.

Escassez de talentos e dependência de fornecedores freiam inovação

Outro ponto de destaque do estudo é a dificuldade crescente para executar estratégias tecnológicas diante da falta de profissionais qualificados. Quase todos os entrevistados (98%) afirmam que a escassez de talentos em TI impacta diretamente suas ambições digitais, sendo que 68% classificam esse impacto como significativo.

Apesar de reconhecerem o valor de seus sistemas atuais, muitos executivos avaliam que o suporte limitado oferecido pelos fabricantes obriga equipes internas a priorizar manutenção em detrimento de projetos estratégicos. Como consequência, 99% dos líderes dizem terceirizar serviços essenciais de TI, especialmente em áreas como cibersegurança, infraestrutura e suporte, para reduzir riscos operacionais.

A redução de riscos, aliás, aparece como prioridade absoluta para 100% dos entrevistados em 2024. As principais apostas incluem planejamento de continuidade de negócios (45%), busca por fornecedores alternativos (45%) e reforço da força de trabalho (44%). O lock-in — dependência excessiva de um único fornecedor — é citado por 35% dos executivos como obstáculo relevante, associado a upgrades forçados, custos elevados e menor flexibilidade.

Para Joe Locandro, CIO global da Rimini Street, o modelo tradicional de ERP passa por uma reconfiguração estrutural. “Os executivos querem modernizar em seus próprios termos, sem ficarem presos a ciclos de atualização que consomem orçamento sem entregar valor proporcional. Estabilizar a base existente permite liberar recursos para iniciativas de IA que geram resultados mais relevantes”.

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