Pesquisa revela que 70% dos brasileiros usam inteligência artificial no trabalho
Estudo mostra que a IA já faz parte do dia a dia profissional, mas especialistas alertam para uso seguro e responsável

Flavia Travassos
Pesquisa Datafolha com dados da Fundação Itaú revela que 93% dos brasileiros usam alguma ferramenta que aplica inteligência artificial (IA) . Quase metade (47%) utiliza a tecnologia para estudar, 50% para se divertir no tempo livre. 70% dos brasileiros usam a para auxiliar atividades no trabalho.
Samanta Padilha, gerente de Pessoas e Gestão de uma empresa de tecnologia, já usou o benefício da inteligência artificial a favor do trabalho. “Nós não tínhamos o recurso na plataforma que é usada para desenvolver essas pessoas, então levávamos 40 a 50 dias para fazer a análise. Hoje, a plataforma que a gente usa já tem esse recurso usando a IA. Em segundos, a plataforma sugere um plano de desenvolvimento individual para cada colaborador”, explica Samanta.
São quase 400 funcionários que trabalham no desenvolvimento de softwares. A grande maioria utiliza essa tecnologia.
“É fundamental que a pessoa que esteja utilizando consiga colocar o bom senso dela, os valores, o juízo dela, para verificar se aquele retorno condiz com o que ela imagina que deveria vir de resultado”, afirma o CEO da empresa, Bira Padilha.
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Pedro Chiamulera, cofundador da AI Brasil, reforça a importância do cuidado com os dados. “É muito importante, se você usar no trabalho, ver o que você vai colocar lá, porque ela pode vazar esse dado para o mercado e isso é muito crítico.”
Checar informações e ter "senso crítico"
A inteligência artificial é uma ferramenta potente, mas não dá para confiar cegamente em toda informação sugerida pela IA, principalmente em atividades do trabalho. A ferrramenta pode se tornar uma armadilha e colocar em xeque a inteligência do profissional se não for bem utilizada.
Na última semana, um tribunal da Califórnia, nos Estados Unidos, aplicou uma multa de 10 mil dólares — o equivalente a 53 mil reais — a um advogado por uso indevido da IA em uma petição. Das 23 citações que ele incluiu, 21 eram falsas.
Um caso semelhante aconteceu no Brasil. Em Londrina, no Paraná, outro advogado citou leis inexistentes em uma ação judicial após usar a inteligência artificial.
“Ela demanda o mesmo cuidado que a pessoa tem quando usa um assistente, por exemplo. As instruções têm que ser muito bem dadas. O resultado do que a inteligência artificial traz precisa, sim, ser revisado, e revisado com cuidado por uma pessoa que entenda daquele assunto”, explica a advogada especialista em tecnologia e proteção de dados, Carla Battilana.
Por pouco, o diretor operacional da empresa, Marco Fain, não caiu em uma cilada . “Numa dessas pesquisas, a informação que veio, veio sem curadoria, de forma também com conteúdos que não foram validados. Sem uma validação humana, a gente teria apresentado informações incorretas sobre a própria atividade que aquele cliente fazia”, alerta.
“Ela pode enganar. A IA é muito ampla. De modo geral, o que a IA faz é acessar todas as informações da internet e consolidar alguns dados para poder trazer para você”, complemente Fain. Checar as informações e ter senso crítico são atitudes que fazem toda diferença quando o assunto é tecnologia.