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Maioria avalia que Lula deve proibir exploração de petróleo na Foz do Amazonas, mostra Datafolha

Petrobras busca perfurar poço exploratório na região para verificar existência de reservas petrolíferas; rejeição é mais expressiva entre jovens de até 24 anos

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Petrobras | Divulgação
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A maioria dos brasileiros avalia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deveria proibir a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, uma região com vários desafios socioambientais, mas com elevado potencial petrolífero, apontou uma pesquisa nacional do instituto Datafolha enviada com exclusividade à Reuters.

O levantamento, encomendado pela organização de responsabilização corporativa Ekō, indica a avaliação de 2.005 brasileiros antes do evento climático COP30, em Belém, no próximo mês.

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Segundo o levantamento, realizado entre os dias 8 e 9 de setembro, 61% dos entrevistados opinaram que Lula deveria proibir a extração de petróleo na Foz do Amazonas, em momento em que a Petrobras busca perfurar um poço exploratório na região para verificar a existência de reservas petrolíferas.

A rejeição é ainda mais expressiva entre os jovens de até 24 anos, faixa etária em que 73% são contra o projeto, que aguarda há anos por licenciamento ambiental, ainda sem o aval do órgão ambiental federal Ibama.

Com o poço, em águas profundas do Amapá, a Petrobras quer investigar um amplo potencial identificado pela indústria para descobertas de reservas de petróleo, com expectativa de abrir uma nova fronteira exploratória. As perguntas da pesquisa não mencionam a estatal petrolífera.

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Entretanto, a companhia vem enfrentando forte resistência de grupos da sociedade e até mesmo de parte de integrantes do governo federal, embora o presidente Lula tenha defendido publicamente diversas vezes o direito de o Brasil conferir o potencial de reservas de petróleo na área.

O Ibama afirmou ao final de setembro ter aprovado um simulado de emergência na área onde o poço será perfurado, mas solicitou ajustes à Petrobras, antes de apresentar sua decisão final sobre o licenciamento. A empresa ainda aguarda uma resposta do órgão ambiental.

Enquanto isso, a Petrobras já acumulava gastos, até a semana passada, de cerca de R$ 180 milhões para manter um navio sonda de prontidão na Bacia da Foz do Amazonas, enquanto aguarda decisão do Ibama sobre se poderá perfurar na região, conforme reportagem da Reuters.

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Apesar das dificuldades da Petrobras avançar na Foz do Amazonas, o governo continua a ofertar áreas e as petroleiras seguem com amplo interesse em desbravar a região. Em junho deste ano, Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC arremataram 19 de 47 blocos exploratórios de petróleo e gás ofertados na bacia.

Contra o petróleo

Em nota, ao divulgar a pesquisa encomendada ao Datafolha, a Ekō demonstra sua oposição aos planos de se abrir uma nova fronteira petrolífera na região amazônica, acrescentando que o levantamento indica a oposição de boa parte dos brasileiros.

"Os próximos meses serão decisivos para o legado de Lula. A maioria dos eleitores brasileiros quer que ele proteja a natureza e o clima, mas, no momento, ele está deixando que as empresas poluidoras tomem as decisões", disse a coordenadora de campanhas da Ekō, Vanessa Lemos, em nota.

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"Com apenas alguns anos restantes para reduzir rapidamente as emissões e preservar ecossistemas frágeis como a Amazônia, Lula precisa parar de defender os poluidores e cumprir as ambiciosas ações climáticas prometidas e pelas quais a população tanto anseia."

De forma mais geral, a pesquisa também apontou um amplo apoio público à proteção da floresta amazônica, já que 77% dos entrevistados disseram concordar com a meta do governo Lula de acabar com todo o desmatamento ilegal até 2030. Entretanto, apenas 17% acreditam que o governo conseguirá cumprir esse objetivo.

Também na pesquisa, 60% avaliaram que os efeitos das mudanças climáticas, como enchentes e ondas de calor, estão causando um impacto negativo sobre eles e suas famílias e 81% dos entrevistados acreditam que o governo deveria fazer mais para proteger as comunidades marginalizadas das mudanças climáticas.

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