Influenciadora é alvo de ataques racistas após publicar vídeo sobre tutorial de maquiagem
Os ataques persistem há pelo menos cinco meses
Marco Pagetti
Um simples batom vermelho, usado em um tutorial de beleza, chamou a atenção de racistas e fez a influenciadora Luciana ser alvo de uma série de ataques.
"Começou com apelidos pejorativos sobre o tamanho da minha boca, como 'boca de caçapa' e 'boca de tonel de caminhão'", relatou Luciana. "Depois partiram para ofensas racistas, com figurinhas de uma macaca usando batom vermelho."
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Os ataques persistem há cinco meses. Em um dos comentários, uma mulher ironizou dizendo sentir inveja de Luciana por nunca ter sido abordada pela polícia nem seguida por seguranças de loja. Outra pessoa fez referências aos negros escravizados.
Os registros de ataques racistas no Brasil tornaram-se mais frequentes. Em um ano, os casos denunciados subiram de 5.100 para mais de 11.600. Esse crime antigo, que antes se restringia às ruas, agora se espalha pelo ambiente digital, escancarado nas redes sociais. Isso foi constatado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Daniel Nicory, coordenador de um estudo da Faculdade Baiana de Direito, afirma que a impunidade tem diminuído.
"Sete em cada dez ações judiciais contra racismo nas redes sociais resultaram em condenação", disse ele. "Não dá para dizer que o Brasil está mais racista do que antes. O Brasil é racista desde sempre. O que acho é que as vítimas agora estão tolerando menos as ofensas dirigidas contra elas."
Luciana também desabafou:
"Eu ouvi inúmeras vezes: se você não quer esse tipo de comentário, feche seu perfil. E eu falei: peraí, eu não estou mexendo com ninguém. Ah, mas o perfil é público. Eu respondi: a rua também é pública, vocês fazem isso? Não, porque vocês apanhariam. Só aqui que vocês são valentes."