Grupo de judeus que apoiou Lula critica comparação de ações israelenses em Gaza ao Holocausto
Integrantes classificaram fala do presidente como "vergonha histórica" e afirmaram que declaração desrespeita a memória dos mortos pelo nazismo
O grupo Judeus pela Democracia, que apoiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022, criticou a declaração do líder sobre a guerra entre Israel e o Hamas. Em comunicado, divulgado no domingo (18), o grupo classifica como “vergonhosa” a fala do petista comparando a ofensiva israelense na Faixa de Gaza ao Holocausto.
“Vergonha histórica. Lula compara judeus a seus maiores algozes, desrespeitando a memória de milhões de pessoas que pereceram sob a mão dos nazistas. O que acontece em Gaza hoje é uma tragédia humanitária. O número de vítimas civis é inaceitável e imperdoável. Mas a guerra de hoje não é parecida com o Holocausto”, diz o texto.
O grupo reforça que apoiou Lula na disputa contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por acreditar no histórico humanista do petista, assim como na defesa de grupos minoritários. Tal cenário, segundo o grupo, vem sendo colocado em dúvida nos últimos meses, com figuras importantes do partido do presidente dando declarações antissemitas.
“Nos últimos meses figuras importantes do partido do Presidente já haviam dado declarações antissemitas, como Gleisi e Genoíno. Esperávamos de Lula que silenciasse essas vozes, e não as reforçasse ao dizer que os judeus de hoje são os nazistas do passado. Dessa forma, Lula escancara portas ao antissemitismo”, diz o comunicado.
O mesmo foi dito pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), que divulgou uma nota de repúdio às declarações de Lula sobre as ações de Israel em Gaza. A organização alega que o governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira.
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“Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu”, diz trecho da nota.
Guerra em Gaza e o Holocausto
Israel declarou guerra contra o grupo extremista Hamas em 7 de outubro de 2023, logo depois de o grupo ter invadido e matado 1,2 mil pessoas em um festival de música no país. Os combates se concentram na Faixa de Gaza, onde o grupo é dominante. Até o momento, 28 mil mortes foram registradas na região.
O atual temor é que Israel aumente a ofensiva em Rafah, no sul de Gaza, onde 1,5 milhão de palestinos estão abrigados. Líderes e organizações internacionais já apontaram extrema preocupação com o cenário, já que uma operação militar no local seria catastrófica.
A ofensiva do exército israelense em Gaza foi comparada por Lula às ações de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial. Na época, o líder nazista ordenou o extermínio de judeus, resultando na morte de 6 milhões de pessoas. O número também inclui outras minorias, como ciganos, homossexuais, deficientes físicos e testemunhas de Jeová.
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A maioria dos assassinatos foi cometida em campos de concentração, construídos exclusivamente para trabalho escravo e extermínio em massa - feito com fuzilamento e câmaras de gás. Estima-se que os alemães nazistas tenham estabelecido cerca de 15 mil campos e subcampos nos países ocupados, a maioria no leste da Europa.