Governo brasileiro condena ataques israelenses a centros de ajuda humanitária na Faixa de Gaza
Itamaraty pede investigação independente e reforça tom crítico adotado por Lula contra ofensiva militar de Israel

SBT News
O governo brasileiro condenou, nesta quarta-feira (4), os recentes ataques de Israel na Faixa de Gaza que atingiram centros de distribuição de alimentos e ajuda humanitária. Nas últimas 24 horas, forças israelenses mataram 95 palestinos, entre mulheres, crianças e idosos.
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Além da condenação, o governo brasileiro defende uma investigação independente sobre os ataques que impedem a distribuição de comida na região. “São absolutamente inaceitáveis o uso da fome como arma de guerra e o emprego da violência contra civis em busca de alimentos”, diz nota publicada no site do Itamaraty.
“O governo reitera o apelo pela cessação imediata dos ataques israelenses contra a Palestina e sua população civil, incluindo mulheres, idosos e crianças. Defende ainda, com base no Direito Internacional, a retirada completa das forças israelenses da Palestina ocupada, o fim das restrições à entrada e distribuição de ajuda humanitária no território e a libertação dos reféns remanescentes”.
A diplomacia brasileira retomou um tom mais duro em relação ao conflito. Nesta semana, o presidente voltou a classificar os ataques de Israel como genocídio.
“E vem dizer que é antissemitismo? Precisa parar com esse vitimismo e entender o seguinte: o que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio”, disse Lula em entrevista coletiva, na terça-feira (3), em Brasília.
Outro gesto que reforça a posição do governo brasileiro ocorreu nesta quarta-feira (4), quando Lula chegou à França para um encontro bilateral com o presidente Emmanuel Macron.
Ao desembarcar no hotel, recebeu um keffiyeh — lenço preto e branco símbolo da causa palestina —, colocou-o sobre os ombros e entrou no local sem falar com a imprensa.
Ataques israelenses
Nos últimos dias, forças israelenses bombardearam diferentes regiões da Faixa de Gaza. Por isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu uma investigação independente sobre os assassinatos.
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Desde a retirada parcial do bloqueio que impedia a entrada de ajuda humanitária em Gaza — imposto por cerca de três meses —, Israel tenta substituir as organizações que atuam no enclave palestino.
O exército israelense alega que o Hamas interrompe as redes de abastecimento para lucrar com a ajuda, versão negada pelos grupos, que pedem a “entrada desimpedida de assistência em escala” na região.
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A crise humanitária se agravou com o bloqueio imposto por Israel. Segundo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a medida visava pressionar o grupo Hamas a libertar os reféns capturados no ataque de 7 de outubro de 2023.