Governador do Acre vira réu no STJ por suposta prática de corrupção
Suspeito de desviar R$ 16 milhões, Gladson Cameli (PP) responderá também por peculato, lavagem de dinheiro, fraude à licitação e organização criminosa
Jésus Mosquéra
Por unanimidade, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça recebeu, nesta quarta-feira (15), a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o governador do Acre, Gladson Cameli (PP). Suspeito de desviar R$ 16 milhões, ele responderá pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude à licitação.
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Como os fatos investigados são de 2019, o colegiado não viu necessidade de afastar o governador do cargo. Mas, segundo a relatora da ação penal, ministra Nancy Andrighi, essa decisão não impede que a necessidade do afastamento seja reavaliada nos outros inquéritos que correm contra o governador no STJ.
Com o recebimento da denúncia, tem início a ação penal contra o Cameli. Não há prazo para o julgamento do mérito do processo pela Corte Especial.
Empresa do irmão
A ação penal é resultado da Operação Ptolomeu III, realizada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU). De acordo com o MPF, o governo do Acre contratou serviços de manutenção predial, mas, na prática, a maioria da execução do contrato acabou sendo de obras viárias. O esquema teria envolvido a subcontratação fraudulenta de uma empresa do irmão do governador.
Para a relatora da ação no STJ, são fortes os indícios de dispensa indevida de licitação e interferência direta de Cameli para se apropriar de recursos públicos. Com o recebimento das vantagens indevidas, o governador teria comprado um carro e um apartamento de luxo em São Paulo, avaliado em mais de R$ 5 milhões.
O que diz o governador
Gladson Cameli se pronunciou nas redes sociais. Ele comemorou o fato de não ter sido afastado do cargo. “A Justiça cumpriu o seu papel, e agora terei a oportunidade de me defender e provar minha inocência e idoneidade. Esta foi a primeira vez que estou sendo oficialmente ouvido, sigo confiando na Justiça”, declarou Cameli.