Em delação, Ronnie Lessa explica "dificuldades" com endereço de Marielle para executar crime
Ex-policial disse que, por exigência do então chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, assassinato não poderia ocorrer na saída da Câmara dos Vereadores
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou parcialmente o sigilo da delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, preso pelo assassinato da vereadora Marielle Franco. Em vídeo, Lessa deu detalhes sobre o planejamento e a execução do crime, fornecendo detalhes sobre as "dificuldades" de executar Marielle em seu endereço.
"Endereço dela era um lugar muito difícil. Com policiamento e sem estacionamento. Tentativas sem êxito levaram que a gente procurasse outros meios", disse em depoimento. "A gente já tinha informações sobre endereço dela, e a partir dali tentamos que fosse feito a partir dali, tentamos algumas vezes em vão dar prosseguimento ao fato, só que sem sucesso. Ali é uma área de difícil acesso, não tem onde parar, tem policiais andando na calçada, ali é um lugar difícil de monitorar”, detalhou.
Marielle foi assassinada em 14 de março de 2018. Lessa foi preso em 2019 e, em 2023, prestou depoimento de delação premiada em troca de eventual diminuição da pena.
Câmara de Vereadores
Em outro trecho, Lessa revela que havia ordem de que o crime não acontecesse perto da Câmara dos Vereadores. "Teria que ser a partir do endereço que logo depois o Macalé (Edmilson de Oliveira, ex-sargento da Polícia Militar do Rio) trouxe, que seria o endereço da Rua do Bispo", endereço da vereadora.
Questionado pelo delegado Guilhermo Catramby sobre quem teria exigido que o crime não ocorresse próximo à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, Lessa respondeu que a ordem partiu de Rivaldo Barbosa, delegado da Polícia Civil.
“Ele foi bem firme nisso, foi contundente (...) se o Diretor da Delegacia de Homicídios faz uma exigência dessa, na minha concepção ele já tem uma linha traçada para desviar o assunto; porque, se não pode ser daquela forma ali na Câmara de Vereadores, é justamente para não chamar atenção de quem: de vereadores, concorda?”, afirmou.