COP30: esboço final deixa "mapa do caminho" fora do acordo
"Pacote de Belém", conjunto de medidas rascunhadas ao longo da semana, frustrou expectativas de especialistas e segue sem consenso
Soane Guerreiro, enviada especial a Belém
SBT News
A COP30 entra na reta final nesta sexta-feira (21) com os primeiros rascunhos de acordos desenhados. Treze documentos compõem o "Pacote de Belém", o esboço de tudo que foi acordado na Conferência do Clima que acontece em Belém, no Pará.
Os rascunhos foram divulgados depois da liberação da Zona Azul, afetada por um incêndio na tarde dessa quinta (20). Nenhuma pessoa ficou ferida. Autoridades brasileiras estão investigando a causa do incêndio.
Um dos principais pontos que aparece nos rascunhos e frustrou entidades e especialistas foi a retirada do "mapa do caminho".
🔍 Mapa do caminho é o termo usado para estabelecer planos de ação com etapas, prazos e metas concretas rumo a um objetivo comum. Na prática, trata-se de um roteiro político e técnico que define quem faz o quê, até quando e com quais recursos.
O conceito chegou até a ser citado pelo presidente Lula (PT) em sua participação na conferência, e 82 países declararam apoio à iniciativa.
Segundo especialistas, o rascunho divulgado é vago e apenas reconhece a importância da redução de gases poluentes.
Em nota, o Observatório do Clima afirma que o "Pacote de Belém" é desequilibrado e não pode ser aceito como resultado da conferência.
"Os roteiros (roadmaps) para combustíveis fósseis e desmatamento sucumbiram à pressão de alguns países petroleiros, e a resposta à lacuna de ambição, fundamental para países insulares que estão afundando sob o oceano em elevação, virou um relatório a ser produzido em três anos e sem nenhuma perspectiva de encaminhamento concreto", afirmou a entidade.
Outro tópico importante é o financiamento climático. No entanto, o rascunho coloca a questão de forma genérica, reforçando a necessidade de que países em desenvolvimento tenham acesso a um volume maior de financiamento, considerando o "Roteiro de Baku a Belém", documento apresentado pela presidência da COP29 que prevê um valor anual de US$ 1,3 trilhão até 2035.
Todo o trecho relevante relativo ao financiamento aos países foi inserido em um programa de trabalho de dois anos, diminuindo a força da decisão. Os textos seguem sem consenso pelas delegações e serão discutidos ao longo desta sexta.
