COP30: 6º dia conta com debates sobre mercado de carbono e freio de super poluentes
Países também devem voltar a discutir temas em aberto, como financiamento climático e compromissos para reduzir emissões


Camila Stucaluc
Delegações internacionais participam, neste sábado (15), do sexto dia da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém, no Pará. A agenda de hoje conta com fóruns integrados e eventos ministeriais, programados para começar às 9h.
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Entre os temas abordados está o mercado de carbono — sistema de comércio de créditos que permite a empresas e países compensarem suas emissões de gases de efeito estufa. A iniciativa, já operante em vários países, inclusive no Brasil, funciona através da criação de um preço para as emissões, onde cada crédito representa uma tonelada de CO₂ (dióxido de carbono) que deixou de ser emitida ou foi removida da atmosfera.
No mesmo contexto, os países devem debater medidas para frear os chamados “super poluentes”, nome dado aos gases de efeito estufa extremamente potentes. É o caso do metano, do óxido nitroso e dos hidrofluorcarbonetos, que, embora estejam presentes em menores quantidades na atmosfera, têm um impacto significativamente maior no aquecimento global, bem como na saúde humana, do que o dióxido de carbono.
Outro tópico importante é o chamado “Mapa do Caminho de Baku a Belém”, que prevê possíveis caminhos para a meta de US$ 1,3 trilhão em financiamento climático anual aos países em desenvolvimento a partir de 2035. A sessão será comandada pelo embaixador brasileiro André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
Veja a agenda completa para este sábado:
- 9h00 – 10h15 Fórum Integrado sobre Mudança do Clima e Comércio: Promovendo um Sistema Econômico Internacional Aberto e de Apoio
- 9h30 – 10h30 Avançando a interoperabilidade de taxonomias para catalisar a mobilização de capital
- 10h30 – 12h00 Evento Ministerial de Alto Nível: Taxas de Solidariedade
- 12h30 – 14h00 Evento Ministerial de Alto Nível: Entregando Soluções Climáticas por Meio de Plataformas Nacionais
- 14h30 – 16h00 Coalizão Aberta sobre Mercado de Carbono de Conformidade
- 16h30 – 18h00 Evento Conjunto de Alto Nível das Presidências CMA 6 e CMA 7 sobre o Mapa do Caminho de Baku a Belém para 1.3T
- 17h00 – 18h00 Plataforma para Cozinha Limpa em Escolas: Conectando Sistemas Alimentares e Energéticos como Solução Climática Escalável
- 17h00 – 18h00 Super poluentes — o freio de emergência climático global
- 17h30 – 18h00 Presidência da COP30 na Zona Verde liderada por Ana Toni
Ainda hoje, espera-se que os países voltem a debater os quatro tópicos ainda em aberto na agenda da conferência — composta por 145 itens. Os assuntos incluem relatórios de transparência, medidas unilaterais de comércio, financiamento climático e as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), que são os compromissos de cada país para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, conforme o Acordo de Paris.
O que é a COP?
A COP é realizada anualmente e envolve mais de 170 países. A principal finalidade da conferência é acordar novas metas para conter a crise climática, além de cooperações para acelerar a transição energética global. As ações visam limitar o aumento da temperatura média global em 1,5ºC até 2100 – em relação aos níveis pré-industriais (1850 e 1900) –, conforme estipulado no Acordo de Paris.
Neste ano, as delegações enfrentam um novo desafio: o aumento das emissões. Dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) mostram que os gases de efeito estufa bateram novo recorde em 2024, chegando a 57,7 bilhões de toneladas de CO2 no ano — um aumento de 2,3% em relação aos níveis de 2023.
Isso significa que, além de não diminuírem, as emissões aumentaram em ritmo mais acelerado. O incremento, segundo a entidade, é mais de quatro vezes maior do que a média anual de crescimento na década passada (0,6% ao ano) e está nos mesmos níveis da média da década de 2000 (2,2% ao ano).
Diante do cenário, o Pnuma afirmou que o mundo não conseguirá limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC ao final do século. Essa meta seria alcançada apenas se as emissões caíssem 40% em relação aos níveis de 2019 até 2030. No panorama atual, a projeção é que o aquecimento do planeta suba 2,3ºC.









