Como surgiu a COP e por que ela é tão importante?
Conferência da ONU inaugurou um regime multilateral para responder às mudanças enfrentadas pela Terra, causadas sobretudo pela ação humana

Sofia Pilagallo
Em 1992, quando os efeitos das mudanças climáticas já preocupavam a comunidade internacional, surgia a Conferência das Partes (COP), o órgão supremo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).
A criação da conferência se deu durante a Rio-92, ou Cúpula da Terra, reuniu 108 chefes de Estado dos países-membro da ONU (Organização das Nações Unidas) para debater meios de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção dos ecossistemas.
A Rio-92 foi a primeira conferência sobre a preservação do meio-ambiente que estabeleceu as bases para a cooperação internacional no combate às mudanças climáticas. Antes dela, houve, em 1972, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, que marcou o início de discussões internacionais sobre a degradação ambiental.
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A partir da criação da COP, passou a vigorar um regime multilateral — isto é, uma força-tarefa entre vários países — para responder às mudanças enfrentadas pela Terra, causadas sobretudo pela ação humana. Em 1992, o termo mais adequado para se referir a essas mudanças era "aquecimento global", que é o aumento de longo prazo das temperaturas médias do planeta, mas hoje entende-se que este é apenas um aspecto do problema.
As mudanças climáticas abrangem um conjunto mais amplo de alterações, como aumento do nível do mar, derretimento de geleiras e mudanças nos padrões de chuva e vento. Essas mudanças vêm se intensificando a cada ano e atingindo níveis sem precedentes, causando eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
Conferências anuais
O que é conhecido como "COP" são as conferências anuais, que normalmente ocorrem em novembro ou dezembro, em que os países se reúnem para tratar das ações voltadas para o combate às mudanças climáticas. A primeira edição da cúpula ocorreu em 1995, em Berlim, na Alemanha.
A cada ano, um país diferente fica responsável por sediar a COP — este ano, foi a vez do Brasil. A conferência é composta por todos os países que assinaram e ratificaram a UNFCCC. Atualmente, 198 países participam da Convenção, o que faz dela um dos maiores órgãos multilaterais do sistema da ONU.
Ao longo de suas edições, a COP adota diversos protocolos e acordos para o combate às mudanças climáticas. Entre os principais deles estão o Acordo de Kyoto, que vigorou de 2008 a 2012, e o Acordo de Paris, firmado em 2015 e em vigor desde 2016.
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O Acordo de Kyoto estabeleceu, entre outras metas, a redução de 5,2%, na emissão de poluentes, em relação a 1990, principalmente por parte dos países industrializados. O tratado não cumpriu plenamente seus objetivos, principalmente pela não ratificação do acordo pelos Estados Unidos, um dos maiores emissores mundiais.
Já o Acordo de Paris definiu, entre outras metas, limitar, até 2030, o aquecimento global a um nível bem abaixo de 2ºC, preferencialmente a 1,5ºC, em relação aos níveis pré-industriais. Cada país determinou seus próprios compromissos para contribuir com os objetivos estabelecidos.
O Brasil, por exemplo, se comprometeu a reduzir as emissões em 43% em relação a 2005, zerar o desmatamento ilegal e restaurar 12 milhões de hectares de florestas. Apesar de terem havido avanços, com uma transição energética mais limpa e a redução do desmatamento, as metas não estão sendo cumpridas integralmente.
Último relatório do Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima, divulgado em 3 de novembro, mostra que o Brasil emitiu 2,14 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GtCO2e) em 2024. Os dados mostram queda de 16,7% em relação a 2023 e a maior redução em 16 anos, mas são insuficientes para cumprir a meta climática estabelecida para 2025.
*Com informações do site da COP, do governo brasileiro e da agência de notícias Reuters.









