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Adegas viram baladas irregulares em SP e geram caos para moradores

Estabelecimentos registrados como adegas funcionam como casas noturnas, geram barulho, brigas e entram na mira da polícia e de órgãos de defesa do consumidor

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Adegas abertas legalmente para vender bebidas e produtos estão sendo usadas como baladas irregulares em bairros de São Paulo, principalmente na periferia.

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A prática tem gerado aglomerações, som alto até a madrugada e episódios de violência, além de levantar suspeitas de uso desses pontos pelo crime organizado.

O principal motivo das denúncias é a perturbação do sossego. Moradores relatam que o som alto, chamado por frequentadores de “batidão” vai até 4h ou 5h da manhã. O barulho é agravado por motos acelerando sem placa e escapamentos adulterados, o que impede o descanso de famílias inteiras.

Uma moradora afirma que tentou pedir ajuda, mas não foi atendida. “A gente liga para a polícia, a polícia não vem.”

Dados obtidos pelo Jornalismo do SBT via Lei de Acesso à Informação mostram que o estado tem 9.888 empresas registradas com o termo “adega”. Nos últimos cinco anos, 4.700 foram abertas, sendo 884 apenas em 2025, o maior número da série histórica.

Segundo o IBGE, se o estabelecimento atua como bar ou balada, mas está registrado só como adega, pode ser enquadrado como irregular.

Além do barulho, moradores e autoridades alertam para outro problema recorrente: a venda de bebida alcoólica para menores de 18 anos, prática proibida no Brasil e frequentemente associada a pontos sem licença de bar.

Uso para lavagem de dinheiro

A polícia investiga o uso desses estabelecimentos por facções do tráfico de drogas para lavagem de dinheiro. Uma operação recente resultou no bloqueio de bilhões de reais de origem ilícita.

Especialistas explicam que o modelo do negócio facilita o crime. “São valores picados, o que dificulta o monitoramento e permite gerar notas frias”, disse um analista ouvido pela reportagem.

Também há relatos de comercialização de produtos roubados, compondo uma cadeia de crimes que inclui tráfico, receptação e lavagem.

Qual a posição das autoridades?

A Polícia Militar afirma que combate continuamente ocorrências de perturbação do sossego e já atendeu 700 mil chamados em 2025 na capital e Grande SP.

Já a Subprefeitura de Jaçanã/Tremembé confirmou que uma das adegas denunciadas opera sem licença. O responsável foi orientado e terá 30 dias para regularizar.

Apesar das ações oficiais, moradores dizem viver sob ameaças ao tentar expor o problema nas redes sociais. “‘Apaga o post, senão você vai morrer’. E fica por isso mesmo”, relatou uma vítima.

Outra moradora cobrou providências: “Eu gostaria que pelo menos a Justiça fizesse valer o nosso direito.”

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