Congresso Brasileiro de Internet destaca papel da IA na indústria global e nos desafios sociais do Brasil
Especialistas do Brasil e do mundo apontam como inteligência artificial pode transformar negócios, impulsionar inovação e reduzir desigualdades

Victória Melo
O 5º Congresso Brasileiro de Internet, que acontece nesta quinta-feira (22), em Brasília, reúne especialistas para debater o impacto da inteligência artificial (IA) na indústria, nos negócios e na sociedade.
Com o tema "Como a tecnologia e a criatividade vão moldar o futuro do Brasil", o congresso promovido pela Abranet, em parceria com o ITS Rio, aborda assuntos centrais para o desenvolvimento digital do país, como a regulação das redes sociais, a proteção de dados, o combate à desinformação e o papel de transformação da IA.
Logo na abertura, o presidente da Abranet, Gil Torquato, leu um breve discurso criado pelo ChatGPT. "A tecnologia vem pra nos ajudar e facilitar a nossa vida", afirmou.
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China na liderança da IA
O diretor-executivo do Shenzhen Innovation Lab, David Li, detalhou as estratégias chinesas para liderar o desenvolvimento de tecnologias baseadas em inteligência artificial. Ele destacou que a IA tem impulsionado não apenas grandes indústrias, mas especialmente pequenas e médias empresas na China.
"Na China, pequenos comerciantes de vilarejos já usam sistemas de IA para criar vídeos promocionais de seus produtos e vendê-los pela internet, alcançando consumidores que antes seriam inacessíveis", disse o executivo.
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Li também comentou sobre o papel do governo chinês, que, segundo ele, tem políticas para incentivar a adoção da IA sem substituir o trabalho humano. "Os robôs não vieram para substituir, mas para ajudar. Pelo contrário: hoje precisamos ainda mais de operadores capacitados", pontuou.
Cenário da IA no Brasil
Em uma discussão no painel "Do Brasil para o mundo: olhares sobre IAs que podem transformar o nosso futuro", especialistas destacaram como a tecnologia pode ser aplicada para resolver desafios sociais e impulsionar a economia.
Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, ressaltou a importância da IA no enfrentamento das desigualdades educacionais. "A inteligência artificial não é apenas uma ferramenta, ela altera a forma como constituímos a memória social. É uma revolução dentro das outras revoluções", afirmou.
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Na área ambiental, o uso da inteligência artificial já é uma realidade. O diretor da Visão Coop, Lennon Medeiros, explicou como a cidade de Queimados (RJ), conseguiu interromper um ciclo de mais de dez anos de enchentes graças ao uso de sistemas baseados em IA.
"Criamos mecanismos estruturados de informação que ajudam a Defesa Civil a responder rapidamente e analisam serviços ecossistêmicos e biodiversidade. É uma mudança histórica e transformadora para milhares de pessoas", afirmou.
Neurotecnologia a serviço da saúde
Maria Eduarda Franklin, cofundadora e CEO da Orby, contou como a startup criou uma plataforma inovadora que usa neurotecnologia para aliviar dores e restaurar movimentos de pacientes que sofrem com doenças como o Parkinson e o AVC.
"Criamos sistemas que processam dados fisiológicos e geram estímulos elétricos que imitam impulsos naturais do sistema nervoso", explicou Franklin.
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Futuro do trabalho e papel das big techs
Os integrantes do painel fizeram um alerta sobre os impactos da IA no mercado de trabalho. Para a empreendedora Stephanie Fleury, as pessoas precisam se especializar para alcançar as novas tecnologias.
"Até 2030, estima-se que 30% das funções serão automatizadas. Precisamos estar preparados, formar profissionais altamente qualificados e cobrar responsabilidade social das big techs", reforçou.

Goiás: aposta em tecnologia e energia limpa
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), encerrou a primeira etapa do evento destacando as iniciativas do estado no investimento em educação e tecnologia.
"Em Goiás, desenvolvemos uma lei que estimula a pesquisa, criamos a primeira universidade com curso de inteligência artificial e já formamos a primeira turma. Além disso, estamos investindo em biometano, que vai zerar as emissões de carbono no transporte."