Fim do mundo? Cometa 3I Atlas não representa risco à Terra, garantem especialistas
Cometa interestelar que passou pela órbita de Marte está no centro de uma campanha de desinformação nas redes sociais
Magdalena Bonfiglioli
Um cometa flagrado na órbita de Marte está no centro de teorias conspiratórias falsas sobre o fim do mundo que circulam nas redes sociais. O visitante cósmico que tem causado burburinho foi visto pela primeira vez em julho deste ano. Em 3 de outubro, duas sondas da Agência Espacial Europeia registraram o cometa 3I Atlas, que passou a cerca de 30 milhões de quilômetros de Marte.
Cometas são rochas feitas de gelo e matéria orgânica. Quando se aproximam do Sol, parte desse gelo evapora e forma a cauda de gases e poeira. Normalmente, esses corpos celestes têm uma trajetória fechada em torno do Sol.
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O 3I Atlas, no entanto, é diferente: ele nasceu fora do nosso sistema solar. Por isso, a letra “I” em seu nome significa interestelar. É apenas o terceiro cometa interestelar já identificado, o que despertou a curiosidade dos cientistas — e, claro, virou alvo fácil para as fake news.
Nas redes sociais, vídeos com imagens falsas atribuídas ao 3I Atlas sugerem os piores cenários possíveis. Mensagens alarmistas falam em colisão com a Terra e explosões comparáveis a armas nucleares, alegando que governos estariam se reunindo em segredo. A desinformação se espalhou também fora do Brasil. Circulam vídeos em inglês e espanhol, simulando reportagens e até envolvendo "segredos" do bilionário Elon Musk.
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O caso ganhou força quando um astrofísico da Universidade de Harvard publicou, em seu blog, observações sobre supostas anomalias no comportamento do 3I Atlas. O texto alimentou teorias catastróficas e espalhou medo. Porém, o próprio pesquisador foi contestado por especialistas de todo o mundo.
A NASA chegou a desmentir o boato de que o cometa seria uma nave alienígena. No Brasil, a astrofísica Mirian Castejon Molina, supervisora de Ciências do Planetário do Ibirapuera, esclareceu que não há motivo para preocupação: “Ele tem todas as características, comportamento e aparência de um cometa. Então, é um consenso entre os especialistas que é um cometa”, afirma.
Os vídeos que falam sobre o “apocalipse” mencionam o dia 30 de outubro como o fim do mundo. Na verdade, nessa data, o cometa estará apenas mais próximo do Sol, a 210 milhões de quilômetros de distância da Terra. Em 19 de dezembro, ele estará ainda mais distante: cerca de 270 milhões de quilômetros do nosso planeta.
“É mais distante do que a Terra do Sol, então não precisa se preocupar. A NASA tem um escritório de defesa planetária que monitora a aproximação de objetos, asteroides e cometas. Estamos em segurança e conseguimos prever essas trajetórias”, explica a astrofísica.