Brasil tem um caso de envenenamento a cada duas horas
Levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede) mostra média alarmante de intoxicações, especialmente entre crianças
Simone Queiroz
Majô Gondim
A cada duas horas, uma pessoa é atendida por envenenamento na rede pública do país. A pesquisa inédita é da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede). A maioria das vítimas é homem, entre 20 e 29 anos. Em seguida, as crianças de 1 a 4 anos.
Em 10 anos, foram atendidos em prontos-socorros públicos exatamente 45.511 casos, a grande maioria por causas acidentais, o que não diminui a gravidade.
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Em geral, são intoxicações ocorridas no ambiente doméstico, sobretudo entre crianças, que têm acesso a medicamentos e a materiais de limpeza.
A médica Juliana Sartorela, coordenadora do Comitê de Toxicologia da Abramede, dá orientações aos pais e cuidadores:
"Nunca tirar da embalagem original. Tem pai e mãe que coloca em garrafa de refrigerante; coloca na geladeira; a criança pega e ingere. Sempre colocar longe do alcance da criança e conversar com os meninos maiores: 'olha isso, produto de limpeza não pode ser ingerido, faz mal pra você", alerta.
Os medicamentos mais encontrados em casos de intoxicação são os analgésicos, vendidos livremente nas farmácias do país.
Outra informação alarmante: 3.461 pessoas, no mesmo período de 10 anos, foram envenenadas por terceiros, intencionalmente.
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Substâncias como arsênio, chumbinho e pesticidas podem ser compradas legalmente ou encontradas com facilidade no mercado paralelo. A doutora Juliana Sartorela, da Abramed, cobra maior controle:
"Produtos industrializados teriam que ser comercializados com autorização apresentação de documento porque eles podem ser usados para esses fins e a gente tem produtos muitos tóxicos sem esse tipo de controle."