Com queimadas, desmatamento na Amazônia aumenta pelo terceiro mês consecutivo
Mais de 660 km² de floresta foram derrubados durante agosto; degradação do bioma também cresceu
Camila Stucaluc
As recentes queimadas estão fazendo com que o índice de desmatamento na Amazônia avance em ritmo acelerado. Segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em agosto, foram registrados 662 km² de floresta derrubada – o que equivale a destruição de 2,1 mil campos de futebol por dia.
Esse foi o terceiro mês consecutivo de alta no desmatamento. Em comparação com agosto de 2023, o aumento foi de 17%. Porém, quando se observa a série histórica para o período mensal, esse é foi o segundo menor território desmatado desde 2018.
O estado do Pará segue liderando o ranking de desmatamento na Amazônia, sendo responsável por 43% do território devastado de agosto, seguido do Amazonas (21%) e do Acre (19%). Juntos, os estados concentram 83% de toda a derrubada na região, somando nove dos 10 municípios com cenário mais críticos atualmente. São eles:
- Portel (PA)
- Feijó (AC)
- Pacajá (PA)
- Lábrea (AM)
- Tarauacá (AC)
- Porto Velho (RO)
- Boca do Acre (AM)
- Tailândia (PA)
- Rio Branco (AC)
- Moju (PA)
Os assentamentos e unidades de conservação também apresentaram um aumento da destruição no período. Nos assentamentos, a área afetada cresceu 26%, passando de 129 km² em agosto de 2023 para 163 km² em agosto de 2024. Já nas unidades de conservação, o desmatamento registrou alta de 16%. Foram 57 km², ante 49 km² no ano passado.
Aumento da degradação
O levantamento do Imazon também apontou 2.870 km² de floresta degradada em agosto, uma área maior do que Palmas, no Tocantins. Diferente do desmatamento, que é a remoção total da vegetação, a degradação se caracteriza pela perda parcial da cobertura vegetal, que ocorre pelo fogo ou pela extração de madeira.
Essa degradação foi 11 vezes maior do que a detectada no mesmo período de 2023, de 258 km². Os estados com as maiores concentrações de área degradadas em agosto foram o Pará, responsável por 45% do total afetado, e Mato Grosso, que registrou 38%.
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A degradação nas terras indígenas também apresentou um crescimento alarmante, passando de 15 km² em agosto de 2023 para 972 km² em agosto de 2024 – quase 65 vezes mais. Os estados do Pará e de Mato Grosso lideram o ranking das 10 terras indígenas mais afetadas. O topo ficou com o território paraense Kayapó, que concentrou quase 40% da área total degradada em terras indígenas.