Chiquinho Brazão nega contato com Lessa ao STF e diz que assassinato foi "maldade" com Marielle Franco
Deputado preso é acusado de ser mandante da execução da vereadora do Rio, em 2018; Primeiro réu a ser ouvido, ele negou crime e chorou
O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) negou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (21), ser o mandante da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018, disse não ter tido contato com o miliciano Ronnie Lessa, assassino confesso do crime, e classificou de "maldade" o crime.
"Foi maldade o que fizeram. Tinha um futuro brilhante, sem dúvida nenhuma", afirmou o deputado, em depoimento ao desembargador Airton Vieira, auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes no STF.
Chiquinho Brazão é o primeiro réu do processo penal no STF a ser interrogado. Ele e o irmão Domingos Brazão, conselheiro do TCE do Rio e ex-deputado, foram denunciados pela Procuradoria Geral da República (PGR) e viraram réus por serem os mandantes do assassinato, que vitimou também o motorista da vereadora, Anderson Gomes, em março de 2018.
Os irmãos estão presos desde março por ordem do STF. Além dos irmãos Brazão, o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, e dois nomes ligados à milícia — um deles, Roberto Calixto Fonseca, o Peixe, é ex-assessor de Domingos — foram acusados pela PGR em de serem mandantes do crime. Todos negam os crimes apontados pela PGR.
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Ouvido por videoconferência direto do presídio, Chiquinho Brazão negou que tivesse motivos para assassinar a vereadora, como acusou a PGR. Ele era era vereador no Rio, em 2018, e disse que conversava com Marielle. Chegou a se emocionar ao falar da vítima, que chamou de "amiga".
O réu reconheceu que teve um desentendimento "momentâneo" com a colega de Câmara de Vereadores, na discussão de um projeto sobre regularização fundiária, mas elogiou a vereadora e negou ter motivos.
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A denúncia da PGR aponta que os Brazão se "associaram a grileiros de terra e milicianos do Rio de Janeiro com objetivo de apropriar-se de áreas públicas e de proteção ambiental a fim de comercializá-las", na zona oeste, em especial, em Jacarepaguá.
Ronnie Lessa
Acusado em delação premiada do executor do crime, o miliciano Ronnie Lessa, Chiquinho negou contato com o atirado. "Nunca tive contato com Ronnie Lessa. As pessoas são anônimas para você muitas das vezes. Não tenho dúvida de que ele poderia me conhecer, mas eu nunca na vida tenho lembrança de ter estado com essa pessoa."
O deputado afirmou que Lessa pode estar querendo proteger o verdadeira mandante do crime, ao comentar os motivos que levaram o miliciano a aponta-lo como mandante.